A Central de Inquéritos, órgão vinculado à Justiça estadual, encaminha ao Ministério Público na semana que vem um dossiê com 216 páginas, 26 fitas cassetes, e documentos que revelariam o envolvimento de policiais civis num esquema de favorecimento à prostituição em saunas e casas noturnas de Curitiba.
As gravações - autorizadas pela Justiça - foram feitas em telefones da Sauna Imperial, uma das mais antigas de Curitiba. O estabelecimento foi fechado no último dia 2 e três pessoas foram presas sob a acusação de favorecimento à prostituição: Joelmir Adilson Valério (proprietário), Marili de Fátima Luvizotte (gerente) e Catia Borges (caixa). Outras 40 mulheres que trabalhavam no local foram encaminhadas para prestar esclarecimentos à Central de Polícia Integrada.
As fitas trazem conversas dos funcionários e clientes da Sauna Imperial. Uma das conversas mais comprometedoras foi entre duas mulheres identificadas como Sonia e Marlene. Elas conversavam sobre o fechamento do local. Marlene não entendia o que poderia ter gerado a ação policial. ''Eu não sei como pôde ter acontecido isso. Ele paga propina para a polícia'', afirmou Marlene em tom indignado. Os nomes dos policiais que receberiam propina não aparecem claramente nas gravações.
Outro trecho intrigante indica que existia a comercialização de drogas ilegais dentro do estabelecimento. Numa outra conversa entre duas mulheres identificadas como Mari (seria o apelido da gerente) e Rosana é dito que o medicamento Citotec estava em falta. Citotec é um medicamento proibido no Brasil, que pode provocar abortos. No entanto, é vendido livremente no Paraguai. ''No momento a gente não tem o medicamento. Mas na semana que vem o Pedro consegue'', afirmou Mari.
O remédio, de acordo com as fitas cedidas pela Central de Inquéritos à Folha de Londrina, seria destinado a uma menina com idade entre 16 e 17 anos e que estava grávida de quatro meses. ''Não vai precisar. Ela não quer mais. Ela está muito fraquinha e tem medo de o remédio dar um piripaque'', disse Rosana.