Nesta quinta-feira (6), a Comissão Estadual da Verdade do Paraná (CEV-PR) ouvirá o depoimento da socióloga e ex-militante política Sônia Lafoz. Ela pertencia à Vanguarda Armada Revolucionária Palmares, ou VAR-Palmares, uma organização política armada de esquerda que combateu a ditadura militar brasileira de 1964 a 1985, da qual também participou a presidenta Dilma Rousseff.
Utilizando táticas de guerrilha urbana, a VAR-Palmares surgiu em julho de 1969, como resultado da fusão do Comando de Libertação Nacional (COLINA) com a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), de Carlos Lamarca. O nome Palmares foi uma homenagem ao maior Quilombo da história da resistência à escravidão no Brasil.
Sônia Lafoz, nascida na Argélia, com cidadania francesa, atuava com o codinome "Mariana". Chegou em São Paulo ainda criança, iniciando na vida política como estudante de sociologia na USP. A partir da militância nos movimentos estudantis ela entrou para a clandestinidade e a luta armada.
Considerada destemida, Sônia integrou os grupos de ação armada da VAR-Palmares. Foi ferida três vezes e, sem nunca ser presa, conseguiu deixar o Brasil em 1971 rumo ao Chile, de onde seguiu para a França, só retornando após a entrada em vigor da Lei da Anistia, em 1979. No período em que esteve na França, Sônia elegeu-se vereadora pelo Partido Socialista na cidade de Saint-Denis, ao norte de Paris.
O depoimento à CEV-PR de Sônia Lafoz, de 68 anos, que vive em Curitiba com o marido e duas filhas, será aberto ao público e realizado às 14h, na sala do Conselho Superior do Ministério Público, térreo, na Rua Marechal Hermes, 751, Centro Cívico, em Curitiba.
A CEV-PR já ouviu mais de 50 depoimentos em 2013 e inicia o ano de 2014 com uma intensa agenda de trabalho e com uma proposta de mudança de nome: Comissão Estadual da Verdade Tereza Urban, em homenagem à jornalista paranaense, ex-militante contra a ditadura e militante da causa do meio ambiente, falecida no ano passado.