Cerca de 1,5 mil estudantes, segundo estimativa da Polícia Militar (PM), fizeram uma manifestação na manhã desta quarta-feira em Curitiba para cobrar a ampliação do passe escolar, benefício oferecido pela prefeitura da cidade e destinado somente a alunos de baixa renda.
De acordo com o presidente da União Paranaense dos Estudantes (UPE), o aluno do curso de Ciências Sociais da Universidade Estadual de Maringá (UEM) Arilton Freres, 23 anos, manifestações semelhantes aconteceram no mesmo dia nas principais cidades brasileiras.
''O movimento nacional é pelo passe livre, mas aqui em Curitiba e em Belo Horizonte, onde até o passe escolar é restrito, a reivindicação muda de foco'', explicou Freres, acrescentando que um possível aumento na passagem - que atualmente custa R$ 1,80 - também é alvo de protesto dos estudantes.
No último dia 15, um movimento apartidário pelo passe livre já havia protestado na capital, reunindo cerca de 300 manifestantes, segundo estimativa do estudante de Direito da UniBrasil Frederico Neto, 23 anos.
Os estudantes saíram da Praça Santos Andrade por volta das 10 horas, no Centro, e seguiram até a Prefeitura de Curitiba, onde foram recebidos por autoridades municipais, incluindo o prefeito Beto Richa.
A reunião, que durou cerca de uma hora e contou com a participação de dez representantes do movimento, terminou com a criação de uma comissão que deverá estudar propostas de mudança no passe escolar.
A primeira reunião da comissão, cuja pauta será sobre métodos de trabalho, ficou marcada para o dia 4 de abril e deverá contar com a participação de representantes do governo do Estado. A manifestação encerrou por volta das 13h30 e foi acompanhada pela PM. O trânsito ficou lento em alguns pontos da cidade mas não houve tumulto.
A assessoria da Urbs, responsável pela administração do transporte coletivo de Curitiba, já havia adiantado no último dia 15 que a ampliação do passe escolar - meia tarifa - acarretaria no aumento da passagem para o restante dos usuários. A assessoria da Urbs manteve a posição mas acrescentou que a nova comissão poderá estudar medidas alternativas de recursos.
O benefício é oferecido ao estudante da capital do ensino regular que mora a cerca de 1 quilômetro de distância da escola e cuja renda familiar é de, no máximo, três salários mínimos (quatro salários para dois estudantes e cinco salários para três estudantes). O cadastro dos estudantes é feito anualmente mas a entrega dos passes acontece a cada mês letivo.
De acordo com Freres, a Urbs deveria rever os critérios de renda pois solicita um ''atestado de miséria'' aos estudantes. Além disso, ele criticou a dificuldade de acesso aos locais onde são feitos os cadastros - na Rodoferroviária e no início do ano letivo também nas nove Ruas da Cidadania. ''Eles agora ampliaram o atendimento para as Ruas da Cidadania, mas ainda é pouco.''
Neste ano, cerca de 17 mil estudantes de baixa renda já fizeram o cadastro do passe escolar. A partir de sexta-feira, o atendimento volta a ser feito apenas na Rodoferroviária. No ano passado, cerca de 20.500 estudantes foram beneficiados.
A manifestação foi organizada no País pela União Nacional dos Estudantes (UNE) e União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES). Em Curitiba, Guarapuava, Maringá e Cascavel, o protesto foi organizado pela UPE e União Paranaense dos Estudantes Secundaristas (Upes). Em Londrina, Freres informou que está prevista uma manifestação na próxima semana.