Em mata fechada
O estudante João José de Arruda Junior, 25 anos, sobrinho do senador Roberto Requião, foi indiciado por homicídio doloso (dolo eventual). Ele se envolveu em um acidente que causou a morte de duas jovens, de 17 e 18 anos, na madrugada do último sábado no centro de Curitiba. Apesar de várias testemunhas terem acusado o rapaz de ter passado pelo sinal fechado em alta velocidade colidindo com o outro veículo, em seu depoimento, na tarde desta quarta-feira, Arruda Junior negou ser o responsável pelo acidente. Como não foi autuado em flagrante, ele responderá o processo em liberdade.
"Preliminarmente, achamos que ele foi o causador desse acidente", declarou o delegado Guaraci Joarez Abreu, da Delegacia de Delitos de Trânsito. O laudo da perícia técnica, no entanto, só deverá ser concluído no início da próxima semana. O amigo de Arruda Junior, Ricardo Andreatta Ribeiro, 28 anos, que, no dia do acidente, apresentou-se aos policiais como condutor da caminhonete, foi indiciado por auto-acusação falsa. Ribeiro e o outro rapaz que estava na caminhonete também depuseram nesta quarta-feira. "Estamos quase chegando a conclusão de quem o liberou do local do acidente", disse Abreu ao avaliar o depoimento dos amigos de Arruda Junior.
Arruda Junior disse, ainda, em seu depoimento, que não estava alcoolizado, que estava em velocidade compatível com a via (o acidente aconteu no cruzamento das Ruas Aminthas de Barros e Tibagi) e que o outro carro é que teria furado o sinal. Quanto ao fato de ter chamado o amigo para assumir que estava na direção, Arruda Junior alegou que fez isso porque não tinha carteira de habilitação brasileira. Sua permissão para dirigir foi emitida nos Estados Unidos, onde morava. Segundo Abreu, no decorrer do processo, a não habilitação poderá ser um agravante da pena.
"João é inocente", declarou o ex-deputado federal, Maurício Requião, que acompanhou o sobrinho à delegacia. "Nós queremos que ele seja tratado como cidadão e não seja linchado por ser sobrinho do Requião (senador)", complementou.
"Queremos que os fatos não sejam distorcidos e que a verdade venha à tona. Queremos justiça", disse Gilmar Nardin, tio de Mariana Fagundes de Oliveira -uma das vítimas do acidente. Ele ficou o tempo todo na delegacia esperando o final do depoimento de Arruda Junior.
O engenheiro civil Marcelo Macedo Rebelo, 22 anos, que causou um outro acidente onde também morreram duas pessoas no último domingo, está preso na Delegacia de Delitos de Trânsito.