Paraná

Estado quebra pacto e fica no controle da Sanepar

03 nov 2007 às 10:43

A Justiça anulou definitivamente pacto de acionistas assinado em 1998 e que transferiu o controle da Sanepar para o grupo Dominó, acionista minoritário da empresa. Decisão da 2.ª Vara da Fazenda Pública de Curitiba proferida nesta quinta-feira garante que o Governo do Paraná segue como controlador da empresa estatal de saneamento básico, da qual é o principal acionista.

A decisão não é provisória, mas de mérito, informa a procuradora-geral do Estado, Jozélia Broliani. O Governo do Paraná brigava desde 2003 para retomar o controle da Sanepar.


"Por ter sido o acordo de acionistas assinado por quem não detinha competência para assumir obrigações em nome do Estado do Paraná e não tendo havido co-validação ou ratificação pelo agente competente, impõe-se a decretação da nulidade do referido instrumento desde a sua origem", relata o juiz Rosselini Carneiro na decisão.


Ele refere-se ao fato do pacto de acionistas ter sido assinado pelo então secretário da Fazenda, Giovani Gionédis, o que é ilegal. Só o então governador Jaime Lerner poderia fazê-lo. Carneiro condena Lerner e o consórcio Dominó, réus na ação movida pela Procuradoria-Geral do Estado, a pagarem as custas e honorários advocatícios da ação, arbitrados em R$ 5 mil.


"O acordo de acionistas afronta a intenção do legislador, porque permite à iniciativa privada tomar decisões importantes no âmbito da Sanepar, mitigando demasiadamente o poder decisório do Estado", prossegue o texto da decisão. Lei aprovada em 1997 pela Assembléia Legislativa autorizou o Estado apenas a vender parte das ações da Sanepar, mas não a abrir mão da gestão da empresa.


O juiz cita parecer do Ministério Público do Paraná favorável à anulação do pacto de acionistas. "Demonstrada a ilegalidade do acordo de acionistas, bem como da afronta à lei 11.963/97, que não autorizava a abicação do controle da Sanepar, a medida que se impõe é a procedência do pedido de anulação do aludido acordo", argumentou o MP em seu parecer, transcrito na decisão de Carneiro.


Entenda o caso
"Estamos defendendo o interesse público. A Sanepar pertence a todos os paranaenses", disse o governador Roberto Requião na última terça-feira, na reunião semanal da Escola de Governo. A luta de Requião pela devolução da Sanepar às mãos dos paranaenses recebeu apoio de várias lideranças paranaenses. "É fundamental que o Estado do Paraná continue controlando a Sanepar", afirmou o senador Alvaro Dias (PSDB). O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse que é "importante" que a estatal seja gerida pelo Governo do Paraná.


A presidente da Fundação France Libertes e viúva do estadista francês François Mitterrand, Danielle Mitterrand, disse em recente visita ao Paraná que apóia a luta do governador Roberto Requião para retomar o controle público da Sanepar. "Nós apoiamos o governador Requião na luta contra as multinacionais francesas para garantir o uso social da água para o povo do Paraná", falou Danielle.

A luta do Governo do Paraná pela retomada da Sanepar tem um precedente importante — a retomada da Cemig, estatal de energia mineira, pelo governo de Minas Gerais. Uma decisão definitiva — que não admite recurso — do Tribunal de Justiça mineiro, proferida em 2001, anulou pacto de acionistas semelhante ao firmado entre Sanepar e Dominó.


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