Paraná

Escultura: as dobras e cortes de Amilcar de Castro

13 dez 2000 às 12:14

Considerado um dos maiores escultores brasileiros em atividade, Amilcar de Castro, inaugura hoje, a mostra "O Quadrado e a Dobra", na Ybakatu Espaço de Arte, às 20 horas. O escultor que vive em Belo Horizonze e está com 80 anos de idade pede desculpas aos curitibanos por não poder estar presente.

Com uma obra que desenvolve desde 1952, Amilcar apresenta figuras geométricas intrigantes numa tentativa de "reorganizar o espaço das forças, que conjugadas dão esse resultado", define em entrevista por telefone à Folha.


Um artista plástico inquieto, Amilcar já fez muito figurativo, paisagens, retratos até que em 1952 começou a trabalhar com escultura figurativa. "Minha primeira escultura dobrada foi exposta na Bienal de São Paulo, de 1953, data do 4º centenário de São Paulo. Era em cobre."


Hoje, o material é o ferro. "É mais fácil de trabalhar", argumenta. Para se decidir pelo ferro, pesquisou o arame e o gesso. "Fui explorando as figuras geométricas próximas conseqüentes: três retângulos dobrados em diagonal e unidos em triângulos. Cada um, formando uma escultura separada. Ou ainda, partindo da premissa que um retângulo é igual a dois quadrados. E assim desde 52 até hoje", conta. "Esse tema é tão ilimitado que não consegui chegar ao fim", brinca. "E assim vai: um círculo está sempre incrito num quadrado..."


A partir dessas figuras clássicas de dimensões perfeitas, Amilcar de Castro, quebra e dobra, tentando o que ele chama de reorganizar o espaço numa outra configuração. "Há muito tempo venho trabalhando com cinco quadrados e um retângulo. Mas hoje, o que exploro não é quadrado nem retângulo, mas alguma coisa próxima".


A última vez que esteve em Curitiba foi em 1997 para uma exposição também na Ybakatu. Este ano, seus trabalhos ficaram expostos, ao lado dos de Hélio Oiticica, na Praça Tiradentes, no Rio de Janeiro. Para 2001, Amilcar prepara uma grande e pesada exposição na área externa da Pinacoteca de São Paulo, "Serão dez esculturas de 25 a 30 toneladas cada. As formas vão de quadrados, círculos e retângulos ou suas consequências. Ele explica: "fiz um desenho. Cortei um pedaço. Dobrei outro. Depois, só cortei e em seguida só dobrei, fechando o campo de ação". Tudo isso em ferro, com chapas de 30 centímetros de espessura. "Cada metro quadrado dessas esculturas pesam 2,5 toneladas".


A exposição em São Paulo faz parte do evento de lançamento de um livro sobre sua obra e vida, mas ainda não tem data definida.

Serviço:"O Quadrado e a Dobra", exposição de esculturas de Amicar de Castro. Na Ybakatu Espaço de Arte, à Rua Itupava, 414, de hoje, às 20 horas, ao dia 30 de janeiro de 2001, de terça a sexta-feira, das 15h às 20 horas; sábados das 10h às 14 horas. Informações: 264-4752


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