"Um abrigo num lugar seguro para reunião das pessoas e produção do conhecimento científico." Assim a futura casa do Brasil na Antártica foi definida pelo arquiteto Emerson Vidigal, da equipe do Estúdio 41, de Curitiba, vencedora do concurso público de arquitetura para reconstrução da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), que teve grande parte das instalações destruída em incêndio em fevereiro do ano passado. Em cerimônia de premiação, nesta terça-feira (7), na Escola Naval da Marinha, em Brasília, ele apresentou os detalhes do projeto vitorioso dentre as 74 propostas apresentadas por escritórios de todo o país.
Os setores funcionais serão organizados em blocos. O superior abrigará os camarotes, áreas de serviço de jantar/estar. No bloco inferior, serão incorporados os laboratórios e as áreas de operação e manutenção. Este mesmo espaço contemplará as garagens e o paiol central. Outro bloco transversal reunirá espaços para uso social e trabalho. No local, também serão posicionadas sala de vídeo/auditório, lan-house, sala de reuniões/videoconferência e biblioteca.
Segundo o arquiteto e urbanista Fábio Henrique Faria, idealizador do projeto, a proposta também se ateve às solicitações do termo de referência do concurso no aspecto da segurança. Estão previstas 12 saídas de emergência, além do isolamento de riscos, de sistemas de prevenção contra incêndio, como sprinklers e proteção através de gases e paredes "corta-fogo". "Para evitar que no caso de um incêndio o fogo se propague pela estação e que qualquer acidente venha acontecer novamente", explica.
O projeto, com área estimada de 3.200 metros quadrados, foi pensado por módulos em dimensões de contêiner para facilitar a fabricação, o transporte e a sua montagem no continente antártico. Outro aspecto considerado foi a diferenciação de temperaturas para áreas de convívio, de depósito e de manutenção.
Desafio
Na avaliação de Faria, o trabalho representou um grande desafio para a equipe composta por quatro arquitetos, que foram auxiliados por estagiários de arquitetura e especialistas de outras áreas. Segundo ele, por se tratar de um ambiente adverso, o trabalho exigiu grande esforço e aprendizado, inclusive, em pesquisas sobre estações de outros países na Antártica. "A nossa proposta é resultado dessa grande pesquisa e de uma vontade de ajudar o Brasil neste momento tão importante de reconstrução da estação", disse.
Em seu pronunciamento, o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Carlos Nobre, exaltou a importância do concurso num momento em que a política do governo brasileiro tem buscado criar condições para estimular a inovação no país. "Essa é uma área que o Brasil precisa enxergar também sob o ponto de vista da inovação", ressaltou.
Ao avaliar os trabalhos, Nobre destacou o aspecto criativo e inovador dos projetos apresentados pelos arquitetos que aceitaram o desafio. "Construir e desenvolver um projeto de uma estação na antártica não é um assunto comum no dia a dia da arquitetura brasileira", disse. "Quero aproveitar para desafiar os arquitetos brasileiros a inovar e a criar soluções brasileiras com ciência e tecnologia."