Paraná

Embratel vai manter política de preços de backbone

09 jun 2001 às 09:55

A Embratel não pode fazer milagres e nem mesmo a chegada de um concorrente que promete preços até 70% menores vai fazer com que a política de preços para serviços de tráfego de dados da internet seja alterada, disse a diretora executiva de marketing da empresa, Elizabeth Couto.

A Embratel, ex-estatal e controlada pela norte-americana WorldCom, não pretende entrar numa guerra por participação de mercado com base em preços para não ver cifras vermelhas em suas contas no final do ano, justificou Elizabeth.


Por enquanto, a Embratel não tem com o que se preocupar, já que detém praticamente o monopólio no setor, com 85% do tráfego de dados da web no país passando pelo seu backbone —infra-estrutura que permite a interligação da internet brasileira com a rede mundial.


A partir de julho, no entanto, começa a operar o Network Acess Point Abranet, um alternativa ao backbone da Embratel organizada pela Abranet (associação de provedores de internet no Brasil) em parceria com a Savvis Telecommunications e a Dedalus.


O NAP Abranet é um ponto de interligação dos provedores onde será gerenciado o fluxo de dados que circula pela rede no país. A interconexão com o exterior será feita através de NAPs privados da Savvis nos EUA, Europa e Ásia.


"Os preços que a Embratel pratica são preços até bastante atrativos com relação ao tamanho do país e com relação à dependência de conteúdo on-line externo", disse Elizabeth.


A executiva, que até duas semanas atrás ocupava o posto de diretora de novos negócios da Embratel, refutou números fornecidos na quarta-feira pelo vice-presidente da Abranet, Luiz Antonio Molento, de que atualmente 80% do tráfego de Internet no Brasil são nacionais e apenas 20% das páginas web acessadas estão fora do Brasil.


"Chegamos em 50 para 50", disse Elizabeth, argumentando que metade do tráfego ainda exige conexões internacionais, que são mais caras para a Embratel.


Dados da Abranet mostram que um provedor nos EUA paga de US$ 500 a US$ 1.000 mensais por uma taxa de transmissão de dados de 1 megabit. No Brasil, o valor salta para entre US$ 2.500 e US% 6.000.


"O pessoal está esquecendo o custo Brasil. Meus funcionários têm um salário e eu pago três por causa dos encargos. Que milagre eu vou fazer? Vou chegar na Lucent (fornecedora de equipamentos de telecomunicações) e pedir 40% de desconto?", argumentou Elizabeth.


De olho nos impostos


A diretora-executiva da Embratel questionou se o fato de a Abranet ser uma entidade sem fins fins lucrativos não é o segredo por trás da diminuição dos preços nos serviços de tráfego de dados de seu NAP.


"Se a Abranet conseguir cobrar menos pagando impostos, a Embratel deve estar fazendo alguma coisa errada. Mas se você disser que nós temos que pagar 35% de impostos e a Abranet não, então está explicado o milagre", disse.


A assessoria da Abranet disse que "o NAP Abranet vai pagar todos os impostos cabíveis e que se trata de uma empresa dentro da lei". Porém, não forneceu informações sobre quais seriam esses tributos.


Portas abertas


O presidente da Abranet, Roque Abdo, afirma que a Embratel "nunca demonstrou interesse em participar da entidade" e que tentou apresentar o NAP Abranet à operadora sem sucesso.


Outras companhias, como Telefónica, Vésper e Intelig, participam do NAP Abranet.


"A Abranet é uma empresa de provedores de internet de massa. Há cinco anos, a Embratel queria ser um provedor de massa mas o governo não quis e viramos um provedor dos provedores", disse Elizabeth, explicando o porquê de a operadora não estar entre os cerca de 200 afiliados da associação.


Sobre a ausência da Embratel no NAP Abranet, a executiva disse: "Eu nunca recebi nenhuma consulta. Só não participamos para peering (troca de tráfego). Nós podemos inclusive estar no NAP para que na hora que tiver congestionamento de dados possamos ajudar."


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