Rachell nasceu do amor de Isabel e Nivaldo por Romullo. Na novela das oito, um caso parecido salvou a personagem que sofria de leucemia. Com a família de Goiânia, a vida não imitou a arte. O sangue do cordão umbilical da menina seria aproveitado num transplante de medula óssea, mas apresentou indícios da mesma doença genética do garoto, a anemia de Fancone. A cirurgia foi cancelada e o material congelado até que a Ciência descubra técnicas para separar só as células saudáveis do cordão.
Há um ano e três meses, a professora Isabel Moreira, 38 anos, acompanha o filho Romullo Moreira e Souza, 10 anos, em consultas bimestrais no Hospital de Clínicas, em Curitiba, considerado um centro de referência no transplante de medula óssea no País. O garoto já passou por três transfusões de sangue e toma hormônios para gerar o que a anemia impede: a produção de glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas, que deveriam estar no sangue para proteger Romullo de infecções e hemorragias.
Durante os tratamentos anteriores, que se seguiram em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, a família soube que o doador da medula poderia ser um parente. No entanto, o irmão mais velho, Rodolffo, carrega um DNA incompatível. Isabel e o comerciante Nivaldo Pereira de Souza, 38 anos, decidiram então ter um terceiro filho em 1999. Com 20 dias de idade, Rachell passou pelos primeiros exames, que resultaram numa chance de cura. Novos testes apresentaram o contrário, acusando que a menina poderia ter herdado a mesma doença de Romullo. A possibilidade do transplante teve que ser adiada. Rachell continua uma criança saudável.
"Não me arrependo em nenhum momento de ter tentado. A Rachell trouxe uma vida nova para o Romullo", diz Isabel. Por causa da doença, Romullo cansa-se com facilidade e pode sofrer um ataque cardíaco. O garoto encara o drama com fé. "Pra que ter medo, se tenho Deus no coração", afirma.