Paraná

Diagnóstico impreciso agrava sintomas da LER

10 mai 2001 às 10:58

A maioria dos médicos ainda é pouco preparada para diagnosticar Lesões por Esforços Repetitivos (LER). A afirmação, do médico do trabalho Antônio Carlos Monteiro Ribas, revela a dificuldade que ainda existe para se identificar e tratar doenças dessa natureza. As lesões se manifestam a partir de um conjunto de doenças que atingem músculos, tendões, nervos, mãos, braços, pescoço e coluna vertebral. Normalmente, são provocadas por esforços excessivos ou repetitivos e continuados durante longo período de tempo.

De acordo com Monteiro Ribas, a LER é uma doença multifatorial, por isso seu diagnóstico deve levar em conta a avaliação histórica da doença, local e tipo de trabalho e, inclusive, as condições sócio-econômicas do paciente. Ele explica que as lesões podem ter relação não só com o tipo de atividade desenvolvida no ambiente de trabalho, mas também com aquelas realizadas dentro de casa.


A imprecisão no diagnóstico, afirma Ribas, acontece justamente porque os médicos não consideram todos os fatores associadamente. "O profissional tem conhecimento em ortopedia, mas desconhece, por exemplo, conceitos de ergonomia." Segundo ele, a falta de preparo pode levar a um tratamento inadequado.


A LER, quando diagnosticada na fase inicial, pode ser facilmente tratada e tem cura. Nas fases agudas a doença é tratada com fisioterapia, analgésicos e melhorias nas condições de trabalho. Já numa fase crônica, o paciente é submetido até ao uso de antidepressivos. Ele garante que, ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, o antidepressivo não causa dependência.

João Carlos Job, 41 anos, é uma das vítimas da LER e teve comprometidos os movimentos das mãos. Depois de sete anos trabalhando na Caixa Econômica Federal, acabou aposentado por causa da doença. Os sintomas, segundo ele, começaram a aparecer em 1992. Três anos mais tarde foi afastado para tratamento e, em 1998, foi aposentado. O ex-bancário disse que sofreu com discriminação dos colegas e superiores que tratavam a doença não como LER, mas como "lerdeza".


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