O Colégio Estadual Paulo Leminski elaborou uma programação diferenciada para o Dia Nacional da Família na Escola. Ontem, parte das aulas, nos períodos da manhã, tarde e noite, foi reservado a visitas dos pais pelas instalações da escola para mostrar a precariedade da estrutura física e de pessoal. A proposta da direção do estabelecimento foi de alertar os pais para que estes ajudem a cobrar do governo ações e recursos que garantam o pleno funcionamento do colégio.
De acordo com o professor de Educação Física e representante da Associação de Pais, Mestres e Funcionários (Apmf) do Colégio Paulo Leminski, Kiko França, o que se constata, hoje, é que 70% das verbas para a manutenção das escolas estaduais vêm da própria comunidade, por meio de contribuições voluntárias dos pais de alunos, valores cobrados por xérox, multas da biblioteca, cantina e outras doações. "A participação do governo é de apenas 30%, o que não é justo, pois a comunidade já paga impostos para ter acesso a esses serviços", criticou.
França disse que algumas unidades da escola, como o laboratório de química, física e biologia e o de informática, estão fechadas por falta de professores. São, ao todo, 15 funcionários para cuidar da limpeza de todas as instalações, da segurança dos alunos no pátio e na saída da escola. Segundo França, do início do funcionamento do colégio, em 1993, até hoje, o número de alunos cresceu 206% (este ano são 2,3 mil alunos matriculados), enquanto que o número de funcionários teve acréscimo de aproximadamente 66% (de 8 para 15, em oito anos). "A situação da secretaria é bem pior: passou de 7 para 8 funcionários, no mesmo período", afirmou, acrescentando que seria necessário, pelo menos, o triplo de funcionários.
Outro agravante, informou França, é o número de salas que estão "lacradas com paredes de cimento" por conta do comprometimento das instalações hidráulica e elétrica. São 15 salas, que representam espaço físico de cerca de 2 mil metros quadrados. Atualmente são ocupadas outras 34 salas, num total de 3 mil metros quadrados. "A secretaria Estadual de Educação assumiu compromisso de reformar essas salas há mais de dois anos e até agora nada. Esses espaços poderiam estar sendo usados em trabalhos diferenciados para que os alunos pudessem sair da escola com outra perspectiva de vida."
Ainda segundo França, a direção do colégio e a Apmf já vêm buscando a participação dos pais em outras atividades ao longo do ano letivo. Mas enfatizou: "Nós não queremos que os pais venham para a escola para arrumar sala de aula, limpar banheiro ou ser professor. Queremos que ele assuma papel integral como cidadão, exigindo e cobrando seus direitos."