Paraná

Devastação ambiental avança no Paraná

13 nov 2000 às 09:39

Nos últimos dez dias a região sudoeste do estado teve desmatada uma área de florestas nativas equivalente a 350 campos de futebol. Para coibir esse desmatamento o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) intensificou a fiscalização na região e na última semana autuou 102 proprietários de terras por crimes contra o meio ambiente e aplicou R$ 1,8 milhão em multas.

Os autos de infrações ambientais são encaminhados ao Ministério Público Estadual que baseado na lei dos crimes ambientais irá definir as sanções a serem aplicadas aos infratores.


Nessa operação o IAP apreendeu 1.027 metros cúbicos de toras de madeira avaliadas entre R$ 80,00 e R$ 150,00 o metro e 2.370 metros cúbicos de lenha com valor aproximado de R$ 10,00 o metro. Para a aplicação das multas cada metro cúbico é calculado no valor de R$ 250,00.


Em Prudentópolis (64 quilômetros a leste de Guarapuava) foram autuadas 27 propriedades e aplicadas multas que totalizaram R$ 545 mil. Os maiores devastamentos aconteceram na localidade de Barra Bonita, nas fazendas de Edson, Eder, Karina e Wilson Rickli que atingiram 280 hectares (cada hectare equivale a 10 mil metros quadrados ou um campo de futebol). A Folha procurou os proprietários, mas não conseguiu contato, a informação recebida foi a de que estavam fora da cidade.


Segundo o chefe regional do IapGuarapuava, Celso Alves de Araújo, a fazenda tinha araucárias, cedros, imbuias, canelas e manjoleiros. "Pela característica do terreno foram utilizados tratores de esteira para a derrubada das árvores e possivelmente a área seria usada para agricultura", afirmou.


A floresta derrubada estava em seu estágio secundário, pois foram observados cortes em árvores com mais de 45 centímetros de diâmetro. No estágio inicial as árvores podem ter um aproveitamento apenas para lenha. Em alguns pontos da fazenda foram observados pequenos focos de incêndio, o que indica a utilização de queimadas para a agricultura.


Os desmatamentos da região têm sido denunciados por outros proprietários de terras. "Cerca de 80% dos madeireiros fazem reflorestamento, mas um pequeno grupo continua a derrubar árvores sem planejamento" afirmou Araújo.


A região de Guarapuava é a segunda do Estado em áreas de florestas nativas (União da Vitória é a primeira) e também em reflorestamento (Ponta Grossa tem as maiores áreas reflorestadas).


O IAP autuou oito propriedades em Prudentópolis por causa de cortes ilegais de árvores e 11 por desmatamento. Além disso, foram registrados casos de armazenamento irregular de carvão. Na região de Pinhão (60 quilômetros de Prudentópolis) os fiscais flagraram um carregamento de 120 toras de araucária e prenderam os transportadores. Os crimes ambientais são inafiançáveis.

Os proprietários de terras que tiveram suas madeiras apreendidas ou foram multados por extração ilegal de madeira terão até 20 dias para apresentar a defesa. Por causa da difícil localização desses proprietários o IAP tem encaminhado alguns autos pelo correio. "Em vários casos essa é a única forma deles serem encontrados", disse Araújo.


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