Discutir a adoção de novos indicadores para a propriedade e qualidade de vida é o foco da Conferência Internacional sobre Indicadores de Desenvolvimento Sustentável e Qualidade de Vida (Icons – 2003), que começou nesta segunda-feira no Centro Integrado dos Empresários e Trabalhadores do Paraná, em Curitiba.
O secretário especial do Desenvolvimento Econômico e Social, Tarso Genro, que abriu o ciclo de palestras, disse que uma das preocupações dos debatedores deve ser "reordenar o tecido social, esgarçado pelo desordenado e irresponsável desenvolvimento praticado globalmente nos últimos 40 anos". Para ele, não estamos vivendo apenas uma crise do capitalismo, "mas uma crise civilizatória".
De acordo com o ministro, a crise no país se deve à grave distorção na captação de recursos pelos estados, que ele considera equivocada e destinada a atender a interesses de poucos. Ele também citou a apropriação desigual do conhecimento produzido pela ciência e tecnologia, que obedecem a interesses de alguns grupos privados.
O diretor adjunto do Centro para a Saúde e Meio Ambiente Global da Escola de Medicina de Harvard (EUA), Paul Epstein, disse que o desequilíbrio ecológico produzido no mundo foi responsável pelo surgimento de doenças transmitidas por vetores até então desconhecidos e pelo ressurgimento de enfermidades que já estavam controladas, como a malária.
Epstein citou o aquecimento global, o uso inadequado das águas subterrâneas, o derretimento das geleiras nos pólos e a emissão de poluentes como fontes de desequilíbrio da natureza com fortes reflexos na economia e na qualidade de vida.
Para os especialistas reunidos no evento, além dos indicadores econômicos, os índices ecológicos, culturais e de lazer também precisam ser considerados. Caso contrário, prevalecerá a visão distorcida, predominante hoje, e que dá uma falsa imagem do que seja o desenvolvimento das nações.