Desânimo e resignação. É com esses sentimentos que Osvaldo Ananias, de 44 anos, contempla com tristeza a fachada da Universidade Federal do Paraná, em Curitiba. Nascido na capital paranaense, traz na memória os passeios com o pai, no tempo em que era criança, pela Praça Santos Andrade, espaço que abriga a instituição de ensino desde 1912. Com os olhos marejados, conta que seu desejo era estudar ali, consumando um sonho que o pai não conseguiu realizar. "Meus avós eram pobres, ele precisou trabalhar desde cedo, e mal deu para estudar. Eu tinha uns 6, 7 anos, a gente passava em frente à Universidade e ele dizia que eu ia estudar aqui para ser o doutor que ele não pôde ser”, relembra.
Órfão cinco anos depois, ao invés do sonho, precisou seguir a mesma sina paterna, praticamente largando os estudos e procurando trabalho. "Primeiro um bico aqui, outro ali. Dava para ajudar minha mãe, que lavava e passava pra fora, e colocar comida na mesa”, continua. Em um restaurante do bairro em que vivia, estreou como garçom logo que a mãe também se foi. Filho único, passou então a viver sozinho, em uma pequena casa alugada, e trabalhar em bares e restaurantes da cidade. "Dava pra me virar, uma vida razoável, mas aí veio a pandemia. Como não tinha carteira assinada, rodei”, lamenta.
Com restaurantes fechados, a categoria foi uma das mais afetadas pela pandemia. Segundo a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), desde o início da pandemia, mais de 1 milhão de trabalhadores do segmento perderam seus empregos no Brasil parte desse número devido ao fechamento dos estabelecimentos. "Mais de 30% dos bares e restaurantes, o equivalente a 300 mil negócios, fecharam as portas em 2020. O setor foi completamente destruído, de Norte a Sul do país”, lamenta o presidente da entidade, Paulo Solmucci.
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