O delegado-geral da Polícia Civil, Adauto Abreu de Oliveira, quer ''apertar o cerco'' contra o crime organizado, extinguindo o porte de arma no Paraná.
Essa é uma das propostas que ele deve apresentar nesta terça-feira na reunião entre representantes do governo do Estado, Justiça e Ministério Público, que estão traçando as ações do programa Operação Mãos Limpas de combate ao crime organizado, à corrupção e à impunidade.
Para o delegado-geral, o porte ilegal de arma deve ser considerado crime hediondo, o que alteraria a pena de dois para dez ou 12 anos de prisão.
''Bastaria prender em flagrante'', argumentou. Segundo ele, a mudança na legislação, além de facilitar a prisão de criminosos, ajudaria a diminuir o número de homicídios.
''Hoje, em qualquer briga no trânsito ou entre marido e mulher, o sujeito saca uma arma e sai matando. Se o porte fosse proibido, isso não iria acontecer com tanta frequência'', comentou. A sugestão do delegado-geral é que se permita apenas a posse de arma em casa.
Outra proposta de Adauto Oliveira, para dificultar as atividades do crime organizado, é a inversão do ônus da prova.
Com isso, líderes de facções criminosas presos ficariam com seus bens confiscados até comprovar que não foram adquiridos com dinheiro sujo.
O delegado-geral lembrou do caso do traficante Fernandinho Beira-Mar, líder do Comando Vermelho (CV), que, mesmo preso, continua comandando o tráfico nos morros do Rio de Janeiro com a facilidade de ter seu patrimônio, adquirido de forma ilícita, disponível.
Adauto Oliveira não quis citar o nome, mas contou que em dezembro de 1996, prendeu um traficante, que atuava no Paraná, que lhe ofereceu R$ 300 mil para ser solto.
O criminoso há cinco anos não trabalhava e tinha um vasto patrimônio obtido com o narcotráfico.
Segundo o delegado, ele foi colocado em liberdade porque no período de investigação a polícia não conseguiu reunir provas suficientes para incriminá-lo.
Foi preso novamente na ocasião da CPI do Narcotráfico, e conseguiu perdão depois de entregar outros traficantes.
Dentro da proposta de ''sanear a polícia'', o delegado citou o afastamento de 67 policiais que estão respondendo a processos disciplinares.