Os agricultores de batata de municípios como Contenda, Araucária, Balsa Nova e Campo Largo (Região Metropolitana de Curitiba) estão tendo que procurar novas técnicas de plantio para evitar a erosão do solo. Em muitas propriedades rurais, as áreas estão completamente degradadas. Alguns produtores já começam a melhorar o sistema de plantação e substituíram as plantações de batata pelo plantio direto (milho e soja).
Os rios da região também ficam prejudicados com a erosão. Parte do solo, já tratado com adubo químico e biológico e com produtos agrotóxicos, acaba chegando a córregos que desaguam em áreas de mananciais. "A erosão traz problemas gravíssimos, como o aniquilamento de córregos e matas ciliares, a degradação do solo e a contaminação da água. O que pode ocasionar um dano irreversível ao meio ambiente", denuncia a ambientalista Lídia Lucaski, diretora da Associação de Defesa do Meio Ambiente de Araucária (Amar).
Um dos casos verificados pela reportagem da Folha foi na estrada que liga Araucária a Contenda. A erosão numa propriedade de batata fez com que o asfalto ficasse coberto por uma camada de cinco centímetros de terra, que chegou a atingir o Rio Camendá, que desagua no Rio Iguaçu. Calcula-se que entre 20 e 30 metros cúbicos de terra tenham sido levados para a estrada e para o rio.
No processo de erosão, a propriedade pode ter perdas acentuadas do solo. As perdas chegam até 20 toneladas por hectare em propriedades rurais com plantação de batata do tipo "morro abaixo". A técnica é antiga e foi trazida há mais de 40 anos por urcranianos e poloneses. "Eles dizem que se fizerem curvas de nível, o que seria adequado, a água empossa e a batata apodrece. Então eles utilizam a chamada plantação morro abaixo, sem qualquer técnica de conservação de solo", afirma o engenheiro Udo Bublitz, técnico da área de recursos naturais da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Paraná (Emater).
Por causa da degradação do solo, a área plantada de batata tem sofrido intensa redução. Em 1990, Araucária contava com 14 mil hectares de terra com plantio de batata. Hoje, este número não chega a 1,2 mil hectares.
A erosão pode demorar de 5 a 10 anos para se transformar numa voçoroca (buraco de grandes extensões na terra provocado por erosão subterrânea e infiltrações d"água). "Para formar a voçoroca, leva um tempo razoavelmente curto. Mas para corrigir o problema, o tempo dispensado é muito maior", destaca Bublitz. Para formar um centímetro de solo adequado, o tempo necessário é de 100 anos. Já para recomper a matéria orgânica do solo, se leva 300 anos.
As condições favoráveis para a formação de erosões são: locais de arenito (encontrados em 107 municípios da Região Noroeste do Paraná) e de terra roxa, com formação geológica chamada de "Guabirotuba". "Na formação Guabirotuba, podemos ter um processo erosivo no prazo de um ano", explicou o geólogo Donizete Giusti, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR). De acordo com ele, três fatores são fundamentais para a formação da erosão: desproteção vegetal, tipo de rocha e aumento da quantidade de chuva sobre a terra.