Os casos de gripe em Curitiba aumentaram na última semana. Isso significa que a circulação do vírus causador da doença - o Influenza - pode persistir, de forma mais significativa, por mais três ou seis semanas. A avaliação é do infectologista Eduardo Forléo, diretor médico do Projeto Vigiprev, responsável pela vigilância epidemiológica da gripe no Brasil. Segundo ele, 36% das amostras de secreção nasal coletadas de pacientes com quadro gripal, entre os dias 16 e 19 de julho, acusaram o vírus.
O acompanhamento da incidência da gripe no Brasil vem sendo feito há sete anos, numa parceria entre a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Instituto Adolfo Lutz. Atualmente, a doença é monitorada em 30 municípios brasileiros (entre eles 10 capitais). Em Curitiba existem cinco "centros sentinela", que funcionam em unidades de saúde da Prefeitura.
O objetivo do projeto, explicou Forléo, é sistematizar a coleta de informações sobre a gripe e de material de pacientes portadores de quadro gripal com a finalidade de isolar e caracterizar o vírus Influenza. "Por ser um vírus que ano após ano sofre variações, sua reincidência acaba sendo comum em muitas pessoas", acrescentou o médico. Segundo ele, é preciso acompanhar essas mutações para poder implantar variações também nas vacinas e medicamentos de controle da gripe.
Para o médico, as informações de quando o vírus chegou e quando começou a causar a doença também são importantes do ponto de vista da saúde pública, pois podem nortear ações preventivas - como campanhas de vacinação - que venham a ser desenvolvidas pelas secretarias estaduais e municipais de sáude.
Das análises feitas até agora, Forléo arriscou afirmar que o Influenza nos pacientes curitibanos deve apresentar outras variantes em relação às constatadas em 2000. A confirmação deve se dar em oito semanas.
Sintomas - "As pessoas confundem muito gripe com outros quadros respiratórios", afirmou Foléo. A doença começa abruptamente, com febre alta e junto com sintomas respiratórios apresenta sintomas sistêmicos como dor de cabeça, dores musculares, fraqueza e cansaço intenso.
Além das vacinas, que devem ser administradas preferencialmente antes do período de circulação do vírus (abril/maio), já existe um medicamento à base de fosfato de Oseltamivir, que ajuda a encurtar a duração da doença e diminui a intensidade dos sintomas e suas eventuais complicações. A vacina custa em média R$ 20,00 e o remédio R$ 70,00.
Forléo afirmou ainda que não há expectativa de se erradicar o Influenza. A preocupação, segundo ele, é do risco de uma pandemia (epidemia de proporções globais) a partir de uma grande mudança na característica genética do vírus, a exemplo do que aconteceu em 1918 com a "gripe Espanhola", que provocou a morte de mais de 20 milhões de pessoas em todo o mundo.
"Por isso a importância do controle, da criação de vacinas e medicamentos mais eficazes e mais baratos e planejamento de ações para o caso de uma variante pandêmica."