A capital paranaense será a primeira cidade do País a implantar o projeto piloto de disponibilização de preservativos em escolas. A confirmação sobre a participação de Curitiba foi dada pela coordenadora nacional de DST/Adis do Ministério da Saúde, Denise Doneda, que participou, na semana passada, do seminário ''Adolescência e Sexualidade na Escola'', realizado no Colégio Estadual do Paraná, em Curitiba.
Nesta quinta-feira, representantes das secretarias estadual e de Curitiba de Educação e Saúde e da Organização Não Governamental (ONG) Centro Paranaense de Cidadania (Cepac) reúnem-se para definir as estratégias para a implantação do programa. O projeto piloto envolverá turmas de 7ª e 8ª séries de 14 escolas, sendo sete municipais e sete estaduais, atingindo entre 3,5 mil e 4 mil alunos.
''Ainda não há um programa fechado. O projeto vai ser discutido e implantado conforme a realidade de cada escola'', explica a coordenadora municipal de DST/Aids da Secretaria Municipal da Saúde, Mariana Thomaz.
Essas 14 escolas foram escolhidas para iniciar o projeto, segundo ela, porque já têm algum tipo de atuação sobre sexualidade junto aos adolescentes. Ainda assim, entre os meses de agosto e outubro, professores e diretores passarão por cursos de capacitação sobre abordagem dos adolescentes, identificação de situações de risco, entre outros temas. O modo como as camisinhas serão disponibilizadas também vai depender de cada escola.
''O programa é uma ferramenta para que as escolas discutam o tema com seus alunos. Essa, aliás, é uma necessidade que sentimos nas escolas'', diz Sérgio Ferraz, diretor do Núcleo Região Metropolitana Norte da Secretaria de Educação, que abrange 14 municípios vizinhos de Curitiba.
De acordo com Mariana, o uso do preservativo por adolescentes é importante sob dois aspectos: para evitar a gravidez e a contaminação pelo vírus HIV, responsável pela Aids. Hoje, as adolescentes entre 13 e 19 anos representam 17% a 20% das gestantes. As meninas entre 11 e 14 anos representam, também, 3,6% do total de pessoas infectadas pelo HIV.
Um dado que chama a atenção refere-se à quantidade de meninas infectadas pelo HIV. ''Entre 13 e 19 anos é a única faixa de idade onde há uma inversão de gênero, com duas meninas infectadas para cada menino'', diz Mariana. Essa inversão é fruto do início da vida sexual cada vez mais precoce. Os adolescentes iniciam a vida sexual em média aos 14 anos. ''As meninas acabam tendo relação com homens mais velhos, com mais experiência sexual, e com mais possibilidade de estarem contaminados'', explica Mariana.
Além de Curitiba, escolas nas cidades de Santos e Ribeirão Preto, ambas em São Paulo, e de Rio Branco, no Acre, também participarão do projeto piloto do Ministério da Saúde.