Os transtornos causados pelo crescimento acelerado da frota brasileira de carros afetam principalmente as cidades grandes, a partir de 400 mil habitantes. Um levantamento que cruza a população, segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e os dados da frota de abril deste ano disponibilizados pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), coloca Curitiba no topo do ranking do número de carros per capita. Com 1,8 milhão de habitantes,a cidade que exportou ao mundo o modelo de transporte coletivo com base em corredores de ônibus, aparece em primeiro lugar quando o assunto é frota nas capitais: um carro para cada 1,53 pessoas. Se forem levadas em contas as cidades com mais de 400 mil habitantes, Curitiba só perde para a cidade de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, com um carro para cada 150 pessoas.
Já São Paulo, cidade com a maior frota absoluta de carros, fica em um modesto 8º lugar, com um carro para cada 1,77 pessoas. As outras capitais da região Sul também ficam bem atrás de Curitiba. Florianópolis (SC), com 408.161 habitantes e 248.673 carros, um carro para cada 1,64 pessoas. Porto Alegre, por exemplo, tem um carro para cada 2,10 pessoas, o que deixa a capital gaúcha em 20º lugar no ranking de cidades com mais de 400 mil habitantes.
"A lista das localidades com maior ocorrência de carros por habitantes está diretamente ligada ao poder econômico. Essas são cidades ricas e com grande concentração de empregos", diz o presidente da Associação Nacional de Transporte Público (ANTP), Aílton Brasiliense.
Ele aponta que a opção pelo automóvel é resultado de três fatores: status, má qualidade do transporte público e flexibilidade de tempo. "São fatores que levam a pessoa a preferir o veículo individual. Não eram todos que podiam se dar a esse luxo no passado, mas hoje as condições econômicas facilitam.", diz Brasiliense.