Paraná

Crise na PM: movimento perde força em Curitiba

21 mai 2001 às 09:25

A manifestação das mulheres de policiais militares começou a dar sinais de esgotamento ontem, reforçando as evidências de que o governo adotou a técnica de ignorar o protesto para vencer no cansaço. Pequenos grupos passaram o dia acampados em frente aos batalhões, mas o policiamento nas ruas já estava praticamente normalizado, inclusive durante a partida de futebol no Estádio Couro Pereira. A madrugada foi marcada por alguns incidentes entre manifestantes e policiais.

Um deles aconteceu pouco antes da meia-noite, no 13º batalhão. Cerca de 40 mulheres impediam a entrada e saída de viaturas, quando os policiais começaram a cortar a tela dos fundos para que os veículos pudessem passar. Houve tumulto e chegou a ser dada voz de prisão para uma das líderes, Maria Cristina (sobrenome não foi fornecido). A prisão foi revogada logo em seguida. Na confusão, o portão da frente foi derrubado e dez viaturas escaparam às pressas.


Às 2 horas de domingo, quatro mulheres faziam vigília em frente ao batalhão da Polícia Montada, no bairro do Tarumã, também impedindo a entrada e saída de veículos. Segundo uma delas, que se identifica apenas como Jôse por temer represálias ao marido, um tenente teria tentado atropelar duas manifestantes com uma viatura. "Ele passou por nós cantando pneus", acusa.


Ela nega que o movimento esteja enfraquecendo. "Se quatro mulheres conseguem segurar o portão de um batalhão é porque estamos muito fortes", rebate. Ela diz ainda que as mulheres não irão ceder até que o governador Jaime Lerner ouça o que elas têm a dizer. "Queremos que ele pare de se esconder e venha falar conosco".


Segundo Jôse, hoje as mulheres tentariam se reunir em algum dos pontos de manifestação para discutir novas estratégias, tentar estabelecer lideranças e fortalecer o movimento. Ela não soube dar maiores detalhes da possível ação.


Ainda durante a madrugada de ontem, as mulheres que estavam em frente ao quartel do Comando Geral, na Avenida Getúlio Vargas, levaram seus filhos para engrossar o movimento. Elas protestaram molhando as fardas de seus maridos e colocando-as em exposição, na expectativa de que eles não pudessem trabalhar no domingo, especialmente durante a partida de futebol entre Atlético/PR e Paraná Clube.

O policiamento durante o jogo, entretanto, aconteceu normalmente e ganhou reforço da Guarda Municipal. A prefeitura determinou que 100 guardas com 24 viaturas ficassem de prontidão e fizessem a segurança em oito pontos distintos da cidade, que são mais suscetíveis a tumultos de torcedores. O comando da Polícia Militar acionou também 160 soldados/alunos da Academia Militar do Guatupê, 70 policiais dos regimentos efetivos, além de 21 cavalos.


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