O Instituto de Criminalística do Paraná emitiu um laudo técnico analisando a atual condição das dez celas que abrigam atualmente 97 presos no 11º Distrito Policial de Curitiba e concluiu que a carceragem (com capacidade para 44 presos) está em condições subumanas.
Entre os problemas estão: fiação elétrica exposta e espalhada por todos os quadrantes, deficiência de ventilação, mau cheiro, facilidade para a escavação de túneis, inexistência de aeração, insolação e iluminação artificial precária.
O laudo, assinado pelos peritos criminais Marzoni Vieira da Rocha e Paulo Sérgio Fontoura, foi emitido a pedido do delegado titular Hertel Rehbein logo após a rebelião ocorrida no último dia 9, onde quatro presos foram feitos como reféns e 28 foram transferidos para outras unidades carcerárias e para o Sistema Penitenciário.
Nesta terça-feira, representantes do Conselho Permanente dos Direitos Humanos do Paraná vistoriou as celas do 11º Distrito Policial e decidiu solicitar urgentemente a remoção dos 33 presos condenados que estão abrigados no local. Destes, 12 teriam direito a estarem cumprindo pena em regime semi-aberto. "A Colônia Penal tem vagas. A gente se pergunta, por que então estes presos não foram transferidos", questionou o advogado Luiz Nascimento de Lima.
Desde março deste ano, o delegado Hertel tem informado sobre as condições da carceragem para a Justiça e a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp). Até hoje, mesmo após a rebelião, nenhuma resposta foi dada pelas autoridades. "A situação aqui é precária e urgente. Precisamos de uma solução para o problema e que é de ordem eminentemente política. Falta respeito ao ser humano. Esta cadeia precisaria ser interditada totalmente", analisou ele. O 11º Distrito Policial fica numa das regiões da cidade com maior índice de criminalidade, na Cidade Industrial de Curitiba. São cerca de 220 mil moradores na região.
As celas ainda estão enfrentando problemas desde a rebelião por causa das grades, que foram completamente retiradas. Os policiais civis não abrem os quadrantes. Os presos circulam livremente pelas celas. Com isto, os horários de visita foram suspensos e a alimentação ofertada se tornou precária. "Cada dia a carceragem está pior", reforçou. Três policiais civis fazem a vigilância interna dos presos. "Eles só não fogem porque não querem", analisou o jornalista Pedro Pedron, integrante do Conselho de Direitos Humanos.
A Câmara Federal será acionada para verificar a situação dos presos. "Se você for ao zoológico, você vai ver os animais sendo alimentados, tomando sol, sendo tratado com carinho pelos visitantes. Depois dizem que os presos são tratados como animais. Aqui isso não é verdade. Os presos não têm direito a nada disto", comparou o delegado.
As celas dentro da carceragem têm infiltrações de água nas paredes e pelo chão. Quando chove, entra água dentro dos quadrantes. Os presos são levados constantemente para o posto de saúde da região por terem facilidade de contrair doenças respiratórias.