Paraná

Cresce violência contra homossexuais no Paraná

22 ago 2002 às 18:12

A violência contra homossexuais no Paraná aumentou muito nos últimos anos. O alerta é do Grupo Gay da Bahia, que há três décadas acompanha o número de mortes de homossexuais pelos registros em jornais em todo o Brasil. Desde que o acompanhamento começou, o grupo contabilizou 92 crimes com conotação homofóbica no Estado. Na década de 70, foram três homicídios; nos anos 80, 23; na década de 90, 50 mortes; e 16 homicídios de 2000 até agora.

"O que nós constatamos é um crescimento muito preocupante. São crimes em que a condição de homossexualidade teve algum tipo de interferência'', relatou o presidente do Grupo Gay, Luiz Motta, que também é professor da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Dos 92 homicídios no Paraná, 81 ocorreram em Curitiba, na casa das vítimas. ''Curitiba é apontada como modelo de humanidade, mas em violência sexual é uma barbárie'', avaliou.


Segundo Motta, os crimes homofóbicos cresceram por causa do aumento da violência em geral e pela maior transparência na apuração dos motivos. Mas ele critica a falta de uma estatística oficial de crimes de ódio no País. Ele conta que a maioria dos crimes são de latrocínio (roubo seguido de morte). ''O que levam essas pessoas a cometerem esses crimes é a vulnerabilidade social do gay, que não tem apoio social nenhum'', afirmou. Segundo ele, muitos homossexuais têm relações sexuais em locais ''secretos'', para se manter no anonimato, e por isso são alvos mais fáceis.


Alguns grupos e gangues praticam violência contra gays, mas há outras razões que levam ao crime, segundo Motta. ''No Paraná há uma presença muito forte de europeus, que observam mais o cristianismo, o que faz com que as pessoas vejam o homossexual como um pecador gravíssimo'', avaliou. Segundo ele, ainda há muitos casos de discriminação e preconceito contra gays no Paraná, como a família de um rapaz que o espancou por ele ser gay. Motta disse que há três caminhos para acabar com a homofobia. ''Punição exemplar para quem discriminar ou matar, educação sexual obrigatória e que a própria comunidade homossexual denuncie qualquer forma de discriminação'', relatou.


*Leia mais na edição desta sexta-feira da Folha de Londrina

Acompanhe esta notícia e outras relacionadas a este assunto no serviço WAP e SMS dos celulares da Global Telecom.


Continue lendo