Paraná

CPT lança relatório sobre os conflitos no campo em 2002

11 abr 2003 às 12:48

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) lança nesta sexta-feira, às 19 horas, em Curitiba, o Relatório Conflitos no Campo Brasil 2002.

O evento será realizado na Catedral Basílica de Curitiba, durante a 6ª Grande Celebração dos Mártires da Terra, que fará memória dos mortos em conflitos agrários no Paraná.


Na celebração ecumênica estarão presentes Dona Lúcia e Marcos Mainko, viúva e filho do líder sem terra Diniz Bento da Silva, o Teixeirinha, líder sem terra assassinado em 1993.


Nos 10 anos do crime a impunidade ainda impera: mesmo tendo sido condenado pela Organização dos Estados Americanos, o governo brasileiro não agiu para reparar os danos morais e materiais à família da vítima.


A celebração abre em Curitiba a Semana de Luta pela Reforma Agrária, que reunirá cerca de 1,5 mil trabalhadores na capital a partir de segunda-feira de manhã, quando haverá um ato às 9 horas no Monumento Antônio Tavares Pereira, na BR 277 e uma série de debates no Teatro da Reitoria da UFPR, sempre às 19 horas.


Em 2002, foram assassinados 43 trabalhadores rurais em conflitos no campo. Essa é a principal conclusão do Relatório Conflitos no Campo Brasil 2002.


O livro será lançado em várias capitais como parte da Semana Nacional de Luta pela Reforma Agrária, que se inicia neste dia 11 e segue até dia 17 de abril, aniversário do Massacre de Eldorado dos Carajás.


Além do aumento de 48,27% no número de assassinatos em 2002, em relação ao ano anterior, o relatório destaca o aumento assustador do número de denúncias de trabalho escravo no país: 147 casos, envolvendo 5.559 pessoas, entre elas 58 menores.


A impunidade é apontada como principal fator para a continuidade do trabalho escravo no Brasil.


O Relatório também registra 743 casos de conflitos no campo em 2002, envolvendo 425.780 famílias.


Em 2002 foram registradas 184 ocupações de terra, envolvendo 26.958 famílias.


O número comprova a tendência de diminuição no número de ocupações, registrada desde 2001 quando iniciou-se o processo de criminalização da luta pela terra, principalmente com a medida provisória que impede vistorias em áreas ocupadas (em 2001, ocorreram 194 ocupações, com 26.120 famílias).


O número de 2002 registra uma queda de 47,17% no número de ocupações em relação a 2002, quando a CPT registrou 390 casos, envolvendo 64.497 famílias.


Apesar disso, continuam altos os números em torno das manifestações de luta, demonstrando que os trabalhadores rurais brasileiros continuam mobilizados: em 2002 foram 382 manifestações de luta, envolvendo 399.487 pessoas (em 2001 este número era ainda mais alto: 493 casos, envolvendo 478.775 famílias).


Outros dados do relatório também chamam atenção: 9.715 famílias foram despejadas de suas terras em 2002, 1459 delas tiveram suas casas e 1.384 suas roças destruídas, sendo que 444.277 pessoas foram vítimas de violência, em 925 casos.


Houve ainda 36 tentativas de assassinato e 244 ameaças de morte. No Paraná foram registrados 7 conflitos de terra, envolvendo 516 famílias e 2 ameaças de morte.

Além disso, 1 trabalhador sofreu agressão e outros 27 foram presos. Em 2002 ocorreram 9 manifestações de luta em nível estadual, envolvendo 35.720 pessoas.


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