A ex-diretora de Fiscalização do Banco Central (BC), Tereza Grossi, será convocada para prestar depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga irregularidades no Banestado.
Os deputados querem saber por que o BC não interveio antes no banco, e por que irregularidades apontadas por depoentes da CPI não foram investigadas adequadamente.
Nesta quarta-feira, quatro ex-funcionários do banco prestaram depoimento à CPI. O gerente da Divisão de Contabilidade do Banestado entre 1998 e 2000, Georg Ernest Wieler, afirmou que os balanços do banco de 98 sofreram "ajustes contábeis que constavam de contrato de financiamento com a União".
Wieler lembrou também que os balanços do banco de 1997 e 1998 só foram publicados em 2000, ano em que a estatal foi privatizada. Por uma determinação legal, os balanços devem ser publicados até quatro meses após o fim do ano.
Os outros dois depoentes não trouxeram muitas informações de utilidade para a CPI. Eliody Werneck de Andrade, contabilista e assessora do vice-presidente do Banestado Alaor Alvim Pereira na época da privatização, e Domingos Matias da Silva, ex-gerente da inspetoria e da auditoria em 1998, afirmaram não saber de irregularidades cometidas no banco no período.
Segundo eles, as operações do banco estavam voltadas para o processo de saneamento realizado pelo BC e para a privatização da instituição.
A maioria das perguntas feitas pelo presidente da CPI, Neivo Beraldin (PDT), a respeito do processo de saneamento era respondida pelos depoentes de forma evasiva, o que já ocorreu em outros depoimentos.
''Não sei o que acontece, mas todo mundo que vem aqui na CPI passa a sofrer de amnésia'', queixou-se a deputada Elza Correia (PT), que integra a comissão.
Cansados das meias-respostas, os deputados acabaram recebendo mais informações da ex-funcionária do banco Zinara Marcet de Andrade Nascimento, que compareceu espontaneamente à comissão.
Zinara questionou o esquecimento dos depoentes, lembrando que enquanto ela foi a representante eleita dos funcionários do Conselho de Administração, os outros depoentes estavam presentes às sessões que decidiram a privatização do banco.
Segundo a ex-funcionária, as pessoas mais envolvidos nas negociações de privatização do Banestado com o BC eram Eliody e Alvim Pereira, além do ex-secretário da Fazenda Giovani Gionédis. Zinara afirmou que várias irregularidades descobertas no banco foram encaminhadas para o Ministério Público (MP) estadual