O chefe da Coordenadoria Penitenciária do Paraná (Copen), Pedro Marcondes, defendeu que todas as pessoas que entrarem nas unidades penais do Estado sejam revistadas antes do contato com os internos, inclusive os advogados, que têm imunidade. "Ao entrar num presídio, quero ser o primeiro a ser revistado", exemplificou. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), seção Paraná, vê a sugestão com "cautela".
"Sabemos que é uma questão polêmica, mas o próprio advogado deve, para a própria salvaguarda dele, se submeter a revista", disse Marcondes. O presidente da OAB paranaense, Edgard Cavalcanti de Albuquerque, argumentou que uma eventual mudança na fiscalização não pode desrespeitar a lei federal 8906/94, que preserva a inviolabilidade da pasta do defensor. "Eu entendo a preocupação, mas é delicado, tem que ir com cautela", afirmou.
Antes da adoção de qualquer medida, Pedro Marcondes prometeu chamar a OAB para uma reunião. "Não vamos impor nenhuma medida constrangedora", garantiu. Marcondes sustentou que as penitenciárias do Estado precisam reforçar a segurança no sentido de evitar novas rebeliões como as que aconteceram este ano no Presídio do Ahú, em Curitiba, e por duas vezes na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara, na região metropolitana. Nos três motins, os presos estavam equipados com celulares. No último levante na PCE, até armas foram usadas. Ninguém sabe como os objetos entraram nos presídios.
O presidente da OAB no Estado considerou difícil chegar "a um denominador comum". No entanto, Albuquerque também achou necessário estabelecer "um diálogo para pensar numa forma de não infringir a lei federal." Ele admitiu que os advogados devam passar pelo detector de metais, mas não abre mão de manter o segredo contido nas valizes. "Os documentos que eles carregam podem inocentar seus clientes. Se estranhos tiverem acesso a eles e darem uma interpretação errada, o cliente pode sair prejudicado."