Na briga contra a destruição da camada de ozônio pelo clorofluorcarboneto (CFC), o grande desafio para ecologistas, órgãos governamentais e empresas é controlar a atuação no setor de serviços. Trata-se de milhares de pessoas que trabalham na manutenção de aparelhos de refrigeração doméstica ou comercial, ar condicionado, transporte frigorificado, contêineres, entre outros equipamentos antigos, que em sua maioria não têm nenhum conhecimento técnico para lidar com o CFC.
Para tratar deste assunto, a vice-presidente da Unidade do Protocolo de Montreal do programa das Nações Unidas para Desenvolvimento, Sueli Carvalho, reúne-se amanhã com setores do governo para definir um grupo de trabalho que traçará estratégias para o setor de serviços. Uma idéia, segundo ela, é treinar os técnicos mostrando as novas alternativas de tecnologia, através de órgãos como o Senai e Associações de Indústrias. Estima-se que existam cerca de 60 mil técnicos de refrigeração no Brasil, sendo apenas 2 mil ligados a grupos eletrônicos. Com um programa em mãos, ela pretende recorrer ao Fundo Multilateral para solicitar recursos necessários aos treinementos.
Já o diretor de Campanhas do Greenpeace Délcio Rodrigues, preocupa-se com a quantidade de CFC que é jogada na atmosfera diariamente em trabalhos de manutenção. "Os técnicos simplesmente cortam o circuito, o gás escapa, eles preenchem o circuito de novo e pronto, o ar foi poluído", reclama. Para resolver este problema, ele defende a criação de mecanismos que obriguem as empresas de manutenção a recolher o CFC que retirarem dos aparelhos. Este gás seria, então, enviado para uma espécie de Museu de Reciclagem.
De acordo com o professor Daniel Melo, do Departamento de Química da Universidade Federal do Paraná (UFPR), essa solução é viável, uma vez que já existe tecnologia para transformar o CFC em cloreto, resíduo não poluente. "É só uma questão política. Assim como se faz, hoje, com as pilhas e baterias, que são levadas a um lugar específico, o mesmo poderia ser feito com o CFC".