Paraná

Caminhoneiros desconfiam do vale-pedágio

24 nov 2000 às 10:04

Os caminhoneiros reagiram com desconfiança à visita do ministro dos Transportes Eliseu Padilha, em Curitiba. Ele esteve na cidade ontem para assinar juntamente com o governador Jaime Lerner (PFL) o convênio que repassa ao Governo do Estado a responsabilidade sobre a implantação e fiscalização do vale-pedágio que começará a valer a partir do dia 27.

Durante o evento, Padilha anunciou a abertura de créditos para financiamentos de novos caminhões para os motoristas. Ele não confirmou o montante a ser investido, mas garantiu que o caminhoneiro terá carência de um ano e pagamento de até seis anos com juros abaixo dos praticados no mercado financeiro. "Os detalhes serão divulgados no dia 30, em Brasília", disse. O anúncio será feito na mesma semana que os caminhoneiros prometem realizar uma nova paralisação.


Com a regulamentação do vale todas as embarcadoras (donas das cargas) serão obrigadas a cobrirem as despesas dos caminhoneiros com os pedágios. Qualquer caminhão que circule, entre ou saia do Paraná deverá entregar comprovantes de recebimento do dinheiro nos 26 postos de fiscalização da receita estadual ou em operações da Polícia Rodoviária.


O caminhoneiro Edson Ribeiro, 32 anos, no entanto, não acredita no convênio assinado. "Chega na hora as empresas não cumprem o que foi decidido e se reclamamos acabamos perdendo as nossas viagens", lamentou. Segundo ele, em cada viagem realizada o profissional chega a perder até 30% dos valores contratados.


Para a Associação Paranaense do Movimento União Brasil Caminhoneiro (Apamubrac) as empresas reduzem o valor do frete propositadamente para dessa maneira comprovar o suposto pagamento do vale-pedágio. "Os fretes que valiam R$ 500 foram reduzidos para R$ 450, ou seja, eles pagam o vale e ao mesmo tempo tiram dinheiro do caminhoneiro", afirmou Antônio Osmari do Nascimento, 37 anos, integrante do movimento.


O presidente da Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR), João Chiminazzo Neto informou que a entidade facilitará a entrega dos vales para as embarcadoras de todas as regiões. "Iremos adotar medidas que possam facilitar a entrega desses vales para as empresas interessadas. Para quem não tiver os vales a fiscalização exigirá carimbos que comprovem o pagamento das taxas", afirmou.

As empresas que não comprovarem o pagamento dos vales poderão ser multadas em R$ 550 ao dia até o limite de R$ 10,5 mil."Nós vamos fazer a lei ser cumprida", afirmou o governador.


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