Paraná

Caminhoneiros desconfiam do governo federal

08 fev 2001 às 12:10

Líderes dos caminhoneiros no Estado estão desconfiados das promessas feitas pelo governo federal para acabar com a greve da categoria. A principal dúvida recai sobre o vale-pedágio, que segundo o ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, vai ser eletrônico e com maciça fiscalização dos Estados.

"É muito difícil de funcionar e o caminhoneiro vai continuar pagando o pedágio embutido no frete", analisa Nelson Canan, coordenador paranaense do Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC). "Não tem como fiscalizar." O vale tem que ser pago pelas empresas que contratam os motoristas. Segundo eles, isso não é cumprido.


A tabela mínima do frete que o governo quer implantar, com base na alíquota do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de cada Estado, também é vista com preocupação. A lista será criada pelos estados com a participação dos transportadores. Canan tem dúvidas de como vai funcionar o cálculo quando o caminhoneiro for obrigado a trabalhar, numa mesma viagem, em estados diferentes.


Se a proposta da tabela mínima vingar, Canan prevê que os caminhoneiros autônomos vão enfrentar dificuldades para trabalhar. "O valor da mercadoria vai custar menos que o pedágio, o custo do frete subirá demais e vai ficar mais cômodo para as empresas comprarem os próprios veículos. O autônomo pode deixar de existir."


A sugestão dos caminhoneiros é a criação de uma única tabela de frete mínimo com o preço baseado a partir do valor do combustível gasto numa viagem. Em reunião que selou o fim da greve da categoria, na noite de terça-feira, governo e caminhoneiros acertaram uma trégua de 30 dias com a finalidade de analisar a pauta de reivindicações.


O Ministério dos Transportes divulgou nota oficial na tarde de ontem para garantir que vai atender parte das propostas dos caminhoneiros. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) vai ampliar as condições de financiamento para a compra de veículos e equipamentos de segurança. Os autônomo vão ter prazo de carência de 12 meses, 90% do valor financiado e prazo para pagar em até 72 meses.


A pedido do governo federal, projeto de lei que regulamenta a jornada de trabalho dos autônomos deve ser votado em regime de urgência no Congresso após o dia 15 deste mês quando termina o recesso parlamentar. O acordo feito com os caminhoneiros prevê ênfase para o combate ao roubo de cargas. O secretário nacional de Segurança Pública, coronel Pedro da Silva Alvarenga, foi nomeado para presidir o Grupo de Trabalho para Segurança nas Estradas, que conta com representantes dos caminhoneiros.

No próximo dia 3 de março, secretários de Transportes de todo o país participam de encontro para discutir os rumos das rodovias pedagiadas. Eliseu Padilha convidou os líderes dos caminhoneiros para discutir suas propostas no encontro. No dia 9 do mesmo mês, a categoria volta a se reunir com Padilha para receber uma resposta sobre a viabilidade de baixar os preços do pedágio. No Paraná, os caminhoneiros querem pagar R$ 1,00 por eixo. A tarifa praticada hoje varia de R$ 5,40 a R$ 8,80.


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