Paraná

Café com requinte

20 set 2001 às 11:54
O café da manhã na mesa e a barulho do feijão cozinhando na panela de pressão. Essa é a primeira imagem que vem à cabeça do padeiro francês Olivier Anquier quando se fala da cozinha brasileira. No Brasil há duas décadas, ele conta como aprendeu a conhecer as peculiaridades do País para transformar o seu principal produto – o pão – em um alimento saboroso ao paladar dos brasileiros. Descobriu, por exemplo, que o brasileiro não dispensa um bom café, acompanhado ou não do famoso pãozinho, e resolveu pesquisar uma combinação de grãos que se enquadrasse numa linha de produtos de qualidade e com preço acessível.
Depois de conquistar o mercado nacional com a sua linha de pães, Anquier investe nesse novo produto. Ele esteve no Caffe Metrópolis, em Curitiba, na semana passada para lançar a sua linha de cafés. São três produtos: Café Premium, Café Clássico e Olivier Bio, sem adição de conservantes e agrotóxicos. Os produtos, conta Anquier, são fruto de uma pesquisa para resgatar a bebida-símbolo do Brasil, mas que perdeu o sabor original com o passar do tempo.
O saboroso e – para alguns – indispensável cafezinho faz parte da vida de Anquier desde quando ele era garoto. "A minha avó tinha uma cafeteria, na França, onde se lia 'Café do Brasil' na vitrine", lembra. "O café brasileiro era uma referência, mas quando cheguei aqui, prová-lo foi uma decepção", revela. Para Anquier, essa diferença de sabor vai além do preparo e da cozinha, é uma questão de economia e mercado. "Os produtos de qualidade originalmente brasileiros são exportados", acrescenta.
Para mudar essa perspectiva, Anquier resolveu criar um produto 100% brasileiro, com uma apresentação original (as embalagens sofisticadas ganharam aquarelas de Daniel Zaragozza), grãos selecionados e com preço adequado à realidade do País. "Não adianta criar um produto inacessível à mesa das pessoas", diz. Mas não basta apenas uma boa matéria-prima para fazer um bom café. O francês revelou à reportagem algumas dicas que podem transformar o cafezinho do dia-a-dia numa bebida refinada, que faz bem ao olhos, ao olfato e ao paladar.
"Para começar, nunca ferva a água do café", ensina. Ele explica que quando se ferve a água do preparo do café, ela perde o oxigênio e altera o gosto da bebida. A dica se estende para a panela em que se escolhe para ferver a água. "É preciso utilizar uma panela de inox ou cerâmica, nunca de cobre ou alumínio". Para coar o café, esqueça o coador de pano. Aquele que você ganhou da sua avó. Segundo Anquier, além dele conservar o gosto dos cafés anteriores, não é muito higiênico. Prefira os coadores de papel e defina, ao gosto individual, a quantidade de pó que se deve colocar. As dicas não param por aí e até para mexer o cafezinho, o padeiro francês revela que é necessário uma colher de prata. "Para não alterar o gosto da bebida".
O café, ensina Anquier, deve ser servido na xícara quente. Sozinho, a bebida já satisfaz o paladar até dos mais exigentes, mas pode ser acompanhado de saborosos pãezinhos. Ele prefere não dar nenhuma receita específica de pão, mas ensina o preparo básico: "Um bom pão leva apenas farinha branca, água, fermento biológico e sal. Para variar a receita, deve-se alterar 60% do volume de farinha. Pode ser integral ou de centeio por exemplo".
A fórmula matemática pode até funcionar, mas Anquier defende mesmo uma cozinha "sem compromisso". "Eu não sou um chef, sou uma pessoa que gosta de cozinhar", auto-define-se. Por isso acredita que descobriu uma nova fórmula para o programa de culinária que mantém na televisão, agora com trasnmissão pela GNT. "É um programa informal, onde as receitas podem ser preparadas em quinze, vinte minutos e sem grau de dificuldades". Além do programa televisivo, Anquier já editou no Brasil o livro "Pães de França", com fotos de Sérgio Pagano e apresentação de Costanza Pascolato. Para saber mais sobre as suas receitas e aprender dicas sobre culinária de Anquier, basta acessar o site www.olivieranquier.com.br.

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