Paraná

Borelli não parece para depor

25 nov 2000 às 13:00

Acusado de torturar uma menina de apenas três anos em São José dos Pinhais, Região Metropolitana de Curitiba, Marcelo Borelli - considerado um dos principais assaltantes de carros-forte do País - não apareceu para depor na primeira convocação feita Justiça do município. O esperado depoimento de Borelli acabou gerando informações desencontradas. Enquanto a juíza do Fórum de São José, Marcelize Weber Lorite, esperava pela chegada do depoente, a Polícia Federal em Brasília, onde Borelli está preso, informava que não havia recebido nenhum pedido de transferência do acusado.

A juíza acabou ouvindo apenas as três mulheres acusadas de terem participado ativa ou passivamente das sessões de torturas. As cenas brutais foram gravadas em fitas de vídeo, que foram apreendidas pela Polícia Federal e fazem parte dos autos.


Zenice Pires, mãe da menina torturada, foi denunciada por omissão de socorro. De acordo com a denúncia, ela estava mantendo um envolvimento amoroso com Marcelo Borelli. Eles estariam contrabandeando armas. Durante o período em que as torturas aconteceram, Zenice alega que estava em viagens para resolver assuntos profissionais. Ela disse desconhecer que as fitas estavam sendo gravadas e que tinha visto hematomas na filha, mas Borelli alegava que a menina tinha sofrido acidentes domésticos. Durante a audiência de ontem, Zenice não quis assistir a fita de instrução do processo.


Maria Ilda de Carvalho (tia de Borelli) e Maria Cristina Pereira Marques (supostamente amante de Maria Ilda) são denunciadas por participação ativa nas sessões de tortura. Elas foram ouvidas e estão presas na Polícia Federal, em Curitiba. A Polícia Federal alega que elas participavam também da quadrilha de Borelli.


A fita apresentada para as acusadas teria sido gravada - segundo a denúncia do Ministério Público - entre os dias 10 e 11 de setembro. No entanto, os promotores acreditam que a menina vinha sendo torturada há mais tempo. "Podemos notar claramente na fita que a garota sabia ser torturada. Ela era torturada como se fosse uma pessoa adulta", afirmou João Milton Salles, promotor de Investigações Criminais.


Esta foi a única oportunidade dada pela juíza para que as acusadas pudessem se defender das acusações. Nos próximos dias, ela pretende ouvir testemunhas e analisar as provas.

Até o final da tarde de ontem, ainda havia expectativa de Borelli aparecer para depor. A juíza chegou a comentar que o esperaria até as 18 horas. Mas o delegado da Polícia Federal em Brasília, Antônio Celso dos Santos, informou por telefone à Folha que não recebeu nenhum pedido de transferência ou qualquer outra solicitação referente ao acusado. (Coloborou Kátia Michelle)


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