Paraná

Bombardeios destróem comitê da Cruz Vermelha

17 out 2001 às 10:16
Várias Organizações Não-Governamentais (ONGs) do mundo todo pedem pausa nos bombardeios norte-americanos ao Afeganistão para que os civis sobreviventes possam receber comida e tratamento médico. Na manhã desta quarta-feira, mais 15 pessoas foram atingidas por um míssil, em um ônibus. Nesta terça-feira, um depósito do Comitê Internacional da Cruz Vermelha foi destruído por ataque aéreo e um membro do comitê foi ferido gravemente.
Segundo um porta-voz do comitê, Robert Monin, o depósito, localizado no Norte de Cabul, estocava mantas, material de ajuda humanitária e de construção de albergues, e, possivelmente, alimentos. Monin ainda disse que encaminhou uma queixa contra o ataque na embaixada dos EUA no Paquistão e adiantou que os norte-americanos lamentaram o fato e a destruição do prédio da Cruz Vermelha teria sido mais um alvo equivocado. Na semana passada, um outro edifício de ajuda humanitária, da Organização das Nações Unidas, foi destruído por um míssil e causou a morte de quatro funcionários afegãos.
Durante todo a terça-feira os ataques ao Afeganistão prosseguiram, principalmente nos arredores das cidades de Cabul e Kandahar. Cerca de 50 aviões táticos e 10 bombardeiros tomaram parte nos ataques, que atingiram locais de concentração de tropas e equipamentos.
Funcionários do Pentágono afirmaram que pelo menos um avião de alta tecnologia de combate, o AC-130, foi utilizado nos bombardeios em Kandahar, mas não deram mais detalhes. O AC-130 está capacitado para efetuar ataques em condições meteorólogicas difíceis. Está equipado com sistema de visão infravermelha e radar que o habilitam a identificar e perseguir alvos em terra sendo capaz de distinguir as forças aliadas. A última geração deste aparelho, o AC-130U "Spooky" (Terror) pode perseguir dois alvos ao mesmo tempo com o dobro de potência de fogo que o seu predecessor, o AC-130H "Spectre".
O pó branco encontrado no avião da companhia Lufthansa, no Rio de Janeiro, no último domingo, não apresentou bactérias que poderiam causar doenças graves, descartando completamente a possibilidade de ter alguma relação com a bactéria do antraz. A informação foi passada nesta terça-feira pelo presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Paulo Marchiori Buss, que abriu à noite, em Londrina, o 4º Congresso Nacional da Rede Unida. Na segunda-feira, o Ministério da Saúde já havia adiantado que o material não continha o antraz, mas os testes finais só ficaram prontos nesta terça à tarde. "O pó encontrado é muito mais denso, não dissolve em água. É um tipo de talco", explica Buss.
Paulo Buss diz que o antraz não é uma ameaça ao Brasil e que a bactéria existe há muito tempo na natureza. Não existem relatos da doença no País há mais de 20 anos, ressalta. "Além disso, o Brasil não está na linha de tiro do terrorismo", acredita o presidente da Fiocruz.
Na opinião de Paulo Buss, a intenção dos terroristas com o envio de correspondências contendo a bactéria que causa o antraz é muito mais alarmar a população. Por isso as cartas teriam sido enviadas primeiramente a veículos de comunicação. "O antraz é uma péssima arma biológica", afirma o pesquisador. Paulo Buss diz que se a intenção dos terroristas fosse causar mortes, outras armas biológicas mais poderosas seriam usadas – mas ele preferiu não comentar quais.

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