Paraná

Aumenta migração de alunos de escolas privadas para as públicas

24 nov 2000 às 19:26

A grande procura pelas matrículas na rede estadual de ensino - que fez com que o governo decidisse distribuir senhas para evitar a formação das filas nas escolas - pode ter uma justificativa. Alunos de escolas particulares estão migrando para escolas públicas, já que as mensalidades estão compromentendo cada vez mais o orçamento familiar.

O vice-presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Particular do Paraná (Sinep) Jacir Venturi, estima que, desde 1998, as matrículas realizadas no ensino privado sofreram uma queda de cerca de 5%.


Dados preliminares do Censo Escolar 2000 realizado pela Fundepar, apontam que 62 mil matrículas foram feitas na rede particular este ano. No ano passado, foram registradas 64 mil. ""Esperamos que este ano, essas transferências estabilizem. As escolas particulares estão investindo em qualidade para atrair os alunos"", comenta Venturi.


Em Curitiba, existem pelo menos mil escolas privadas. As mensalidades variam de R$180 a R$ 360. ""Um montante que certamente pesa no orçamento doméstico"", conta a dona de casa Vera Lúcia Ferraz Almeida, que optou por transferir os seus dois filhos, que sempre estudaram em escolas particulares, para uma escola da rede estadual de ensino, em Curitiba.


A família gastava cerca de R$ 500 mensais no pagamento das mensalidades das crianças. Parte do dinheiro economizado, revela a dona de casa, será revertido para suprir as eventuais carências que ela diz acreditar existir no ensino público, como aulas de inglês e informática.


Para o professor Ramiro Eugênio de Freitas, a diferença entre o ensino da rede privada e pública é pequena atualmente e o alto investimento em escolas particulares não chega a compensar. Ele tem dois filhos, Augusto, 9, em uma escola particular e Gustavo, 11, que estuda em escola estadual. Gustavo sempre estudou em escola privada e só foi transferido para rede estadual no ano passado. ""Não senti nenhuma dificuldade para me adaptar"", revela.


Para a supervisora Escola Estadual Aline Pichet, Maria de Fátima Miranda, o processo de adaptação existe. Ela enfatiza porém, que nessa fase, o diálogo deve prevalecer entre os pais, os alunos e a própria escola. ""Principalmente porque sempre pesa a perda de poder aquisitivo, o que interfere na estrutura familiar"".

As matrículas na rede estadual de ensino encerram o próximo dia 1º de dezembro. Das 2,3 milhões de matrículas previstas já foram efetivadas 2,1 milhões. Na próxima semana, o governo do estado deve divulgar um novo número do serviço de discagem gratuita para orientar os pais sobre as escolas que ainda dispões de vagas.


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