Paraná

Artesãs se unem para presentear crianças do Pinheirinho

29 mar 2012 às 15:39

No próximo sábado (31), várias artesãs de Curitiba vão se reunir na casa de uma delas, no bairro Bacacheri, para criar coelhinhos de pano para presentear as crianças que moravam na comunidade de Pinheirinho, em São José dos Campos, em São Paulo. As famílias foram despejadas de suas casas, no dia 22 de janeiro, em uma violenta ação da Polícia Militar de São Paulo, fato quer foi noticiado e criticado pelos meios de comunicação de todo País.

As artesãs fazem parte do "Bonequeiras sem Fronteiras", grupo criado logo após o despejo justamente para criar bonecas de pano para serem enviadas às cerca de 1 mil crianças do Pinehirinho, que tinham perdido tudo na ação de reintegração. A idéia partiu da pesquisadora e artesã Andréa Cordeiro, de Curitiba, que percebeu a tristeza que tomou conta da comunidade de artesãs e crafters dentro do Facebook. "Era um desconforto solidário que nos fazia repetir as perguntas : isso vai passar sem que se faça nada? isso vai ser logo esquecido?", conta .


A melhor pergunta, diz, apareceu em um comentário postado. "Como poderíamos ajudar? ", questionava uma artesã. Foi então que Andréa lembrou-se do projeto Dolly Donations, dos Estados Unidos, que convida crafters de toda parte a costurarem bonecas e bonecos para crianças que estão vivendo momentos difíceis em campos de refúgio, orfanatos, abrigos. Junto com uma amiga, Ceres Torres, de Pelotas, elas começaram a chamar as amigas a participarem desta empreitada.


Tudo foi feito pela internet. Deu tão certo que hoje o grupo reúne 180 artesãs espalhadas por todo o País, confeccionando as bonecas que vão levar alegria às crianças do Pinheirinho. A repercussão nas redes sociais chegou impressionou até a criadora do projeto americano, Judy Colliflower, que fez uma mobilização naquele país e contribuiu com 200 peças enviadas às brasileiras.


"Pode parecer bobagem pensar em brinquedos quando tudo parece mais urgente, no entanto quem tem ou foi criança sabe que fica mais fácil enfrentar o escuro segurando seu bichinho, boneca ou cobertor que conforta, como bem observou o psicólogo e pediatra Winnicott na segunda guerra", explica Andrea.


Um mês depois do início do grupo, no dia 26 de fevereiro, com 230 bonecos e bonecas feitos à mão prontos, Andréa finalmente foi até São José dos Campos para distribuir as peças às crianças, que por enquanto vivem em um abrigo com suas famílias. Além das bonecas distribuídas, os meninos da comunidade também receberam outros personagens, como bonecos, robôs e bichinhos de pano.


"A situação lá é de dar nó na garganta... Foi uma emoção atrás da outra, muitas histórias para contar...e vou contando aqui aos poucos. Importa saber por ora é que este gesto simples de levar um boneco fez um pouco mais feliz cada um que naquele dia recebeu um abraço de um brinquedo de pano. E continuamos a coletar bonecos e bichinhos para estender o carinho às criança que já fora do abrigo tentam recomeçar a vida com suas famílias", conta Andrea em seu blog e na página do Facebook.


Neste sábado, as voluntárias de Curitiba participam de uma nova empreitada: produzir muitos coelhinhos de pano para novamente levar alegria não apenas às crianças de Pinheirinho, mas também de um lar que atende crianças com HIV.

Serviço:
Torne-se um voluntário e conheça mais sobre as Bonequeiras sem Fronteira no blog ou Facebook


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