O procurador de Justiça Saint Clair Santos, coordenador do Centro de Apoio às Promotorias do Meio Ambiente, enviou nesta quinta ofício à Secretaria de Agricultura e Abastecimento para que seja feito um levantamento dos bens da Monsanto na unidade de Ponta Grossa, ocupada por trabalhadores rurais e pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) desde sexta-feira passada.
Santos atendeu pedido de uma comissão que esteve no local e que afirma que a empresa cometeu irregularidades no experimento de produtos transgênicos.
De acordo com o advogado e coordenador da organização civil Terra de Direitos, Darci Frigo, a Monsanto estaria espalhando sementes geneticamente modificadas e não apenas fazendo experiências, como foi autorizada pela CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança).
''Vimos 27 sacas de soja RR (Roundup Ready, marca da Monsanto) identificadas para multiplicação, o que é proibido'', afirmou.
As áreas para experimentos têm cerca de 6 mil metros quadrados, segundo Frigo. ''O campo da Monsanto é de 40 mil metros quadrados, o que não é comum para experimentos. Não somos uma comissão técnica, mas a olho nu podemos dizer que há uma série de irregularidades'', acrescentou. ''Pedimos que a secretaria vá ao local e faça o levantamento o mais rápido possível'', afirmou Saint Clair.
A área da Monsanto foi invadida na sexta-feira passada por cerca de 150 pessoas ligadas ao MST e outros grupos rurais contrários à presença de transgênicos no Brasil. De acordo com um dos coordenadores do acampamento (batizado de Chico Mendes), Célio Rodrigues, os acampados não têm intenção de deixar o local.
A empresa obteve liminar de reintegração de posse na segunda-feira passada, que previa uso de força policial se necessário. Rodrigues já foi notificado. De acordo com o governo estadual, ainda não está pronto o estudo preliminar para reintegração da área, necessário antes do deslocamento policial.
Segundo Frigo, os acampados não danificaram nenhum bem da Monsanto. ''Viemos também prestar uma auxílio. Assim como eles, queremos que esse local vire uma área de estudo da agroecologia'', afirmou.
A assessoria de imprensa da Monsanto divulgou nota afirmando que a empresa sempre obedeceu todos os quesitos da legislação nacional de biossegurança. ''É importante ressaltar que a estação de Ponta Grossa contava com apenas parte de sua área dedicada à pesquisa com variedades transgênicas de milho e soja, sendo que a maior parte da estação era dedicada a estudos com variedades convencionais, além de dispor de campos de treinamento de agricultores e técnicos'', diz a nota.