Paraná

Araupel decide não vender área invadida

21 jul 2003 às 17:25

O Conselho de Administração da Araupel decidiu que não irá vender mais uma parte da área da fazenda, em Quedas do Iguaçu (165 quilômetros a leste de Cascavel), como o governo federal queria para promover o assentamento de trabalhadores rurais sem-terra. A decisão foi tomada nesta segunda-feira, em uma reunião com os principais acionistas, em Porto Alegre (RS). Na sexta-feira, o conselho havia se reunido com o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Guilherme Cassel.

Em nota oficial, o conselho alega que ''a Araupel já deu sua contribuição à reforma agrária'', consentindo a desapropriação de quatro áreas ''com mais de 28 mil hectares, onde estão assentadas em torno de 2 mil famílias''. A empresa alega, ainda, que o próprio Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) classificou a propriedade - que tem ao todo 53 mil hectares - como produtiva.


A Araupel, segue a nota, dispõe-se a ''negociar a transferência da área denominada Bacia para instalação de um assentamento rotativo proposto pelo Governo do Estado do Paraná, no entanto, cumprido o pré-requisito de limpar as demais áreas invadidas, e neste sentido o MDA compromissou-se''.


Um dos líderes do acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na Fazenda Araupel, Adelso Schwalemberg, desmentiu, que os acampados teriam bloqueado uma estrada no sábado, impedindo que a empresa retirasse os maquinários da área ocupada. Segundo ele, todos os equipamentos foram removidos por funcionários da Araupel no final de semana e, nesta segunda, o restante do adubo que estava guardado nos silos foi retirado.


Os sem-terra, segundo Schwalemberg, têm pressa em organizar o acampamento em outra área porque querem começar a preparar a terra para o plantio comunitário de arroz, feijão, milho, batata, mandioca e outros produtos básicos. No entanto, eles dependem do fornecimento de lonas e alimentos para se reorganizarem em outro local da fazenda, conforme acordo firmado com a Ouvidoria Agrária Nacional.


O Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) no Paraná informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que está encaminhando o processo de compra das lonas e alimentos, via carta-convite, e deve enviar os produtos ao acampamento até o final dessa semana.


Schwalemberg disse que cerca de 100 famílias de Quedas do Iguaçu, cadastradas no MST, já começaram a se juntar ao acampamento dos sem-terra na Araupel. Outras 200 famílias do município também engrossarão a ocupação.

Trabalhadores rurais sem-terra de outros dois acampamentos, segundo ele, devem ir para a Fazenda Araupel, assim que o novo acampamento for organizado. São cerca de 450 famílias que, hoje, estão em Rio Bonito do Iguaçu (125 quilômetros a oeste de Guarapuava), numa área próxima à divisa com a Araupel, e em Sulina (81 quilômetros ao norte de Pato Branco), às margens de uma rodovia.


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