O governador Roberto Requião (PMDB) anunciou nesta quinta-feira a intenção de fechar o curso de medicina da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
Segundo Requião, o curso não oferece qualidade de ensino para a formação de médicos e requer gastos elevados que poderiam ser destinados a outros cursos já em funcionamento.
A primeira turma de medicina da UEPG ingressou em março desse ano, após o curso receber autorização de funcionamento em 2001, no governo Jaime Lerner (PFL).
Cerca de R$ 4 milhões já foram investidos na construção de áreas para os alunos.
''É uma medida que vai doer, mas é mais econômico impedir o absurdo que é a existência de um curso que não atende as exigências do Ministério da Educação do que gastar dinheiro lá e prejudicar o resto do ensino do Estado'', afirmou Requião.
O Conselho Regional de Medicina (CRM) já havia visitado o curso em abril e posicionado-se favoravelmente ao fechamento do curso.
O anúncio foi feito por Requião durante uma reunião com empresários do setor de comunicação e causou alvoroço na comunidade acadêmica da UEPG.
O reitor da universidade, Paulo Roberto Godoy, viajou para Curitiba assim que ouviu o pronunciamento para reunir-se com o secretário da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Aldair Rizzi.
''Fui a Curitiba para apresentar o outro lado da história. Quando o curso foi vistoriado pelo CRM, estava funcionando há apenas 34 dias e não tinha condições de ser avaliado. Além disso, as obras ainda não haviam sido concluídas justamente por causa da moratória declarada pelo governo nos primeiros três meses, mas serão concluídas em breve'', ressaltou Godoy, que afirmou que os professores do curso têm qualificação reconhecida.
''Nosso corpo docente tem 78% de titulação, isso é, cursos de mestrado e doutorado'', lembrou.
O reitor afirmou que a criação do curso de Ponta Grossa é uma reivindicação antiga da comunidade dos Campos Gerais.
''A prova disso é o compromisso que tivemos da prefeitura e de nossos deputados estaduais, que irão dialogar com o governador para tentar demovê-lo de sua decisão'', afirmou.
''A prefeitura comprometeu-se a repassar R$ 400 mil por mês para a ampliação do Hospital da Criança e do Pronto Socorro, para que possa ser criado um hospital regional com a participação dos estudantes. O curso representa um avanço para a saúde de todos os moradores da região, que tem um dos piores atendimentos do Estado'', comentou.
A assessoria do Palácio Iguaçu afirmou que a decisão de Requião ainda não é definitiva, mas se estuda a possibilidade de transferir os 40 alunos matriculados no curso para as universidades estaduais de Londrina e Maringá.
Segundo Godoy, os alunos do curso já estariam se mobilizando para ingressar com medidas jurídicas para manter a faculdade em funcionamento.
''A UEPG em si não pode tomar esse tipo de medida, pois faz parte da administração do Estado, e não poderia representar contra si própria'', afirmou.