A chegada de uma variedade transgênica resistente a pragas e a possível liberação comercial de outras versões geneticamente modificadas (GM) de algodão pode devolver ao Paraná a auto-suficiência na produção da fibra. Na avaliação do presidente da Associação dos Cotonicultores Paranaenses (Acopar), Almir Montecelli, a expectativa acerca do algodão GM está animando os produtores do estado, que enfrentaram muitas dificuldades com o manejo de pragas nos últimos 20 anos.
O algodão Bt, resistente a lagartas, é a única variedade GM liberada comercialmente no País e começará a ser plantada no Paraná na safra 2007/2008. Montecelli prevê que a área ocupada com variedades GM crescerá conforme novas cultivares transgênicas sejam liberadas para uso comercial pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio). Atualmente, estão na pauta da comissão as seguintes variedades: tolerante ao herbicida glufosinato de amônio; tolerante ao herbicida glifosato; e resistente a insetos da ordem Lepidóptera (lagartas).
Vantagens
Para Alda Lerayer, diretora-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), o Brasil ganhará muito com essas possíveis novas aprovações. "Calcula-se que os produtores de algodão deixarão de acumular US$ 2,1 bilhões na próxima década caso a biotecnologia fique de fora ou seja dificultada".
Na área ambiental, Alda destaca as informações disponíveis no Guia do Algodão – material informativo lançado recentemente pelo CIB. Segundo dados da publicação, a economia de combustível pela diminuição de pulverização com algodão GM poderá ser de até 14.400.000 litros de diesel/ano, dependendo da variedade adotada, o que representa uma redução na emissão de até 100 kg de CO² por hectare na atmosfera.
Outra vantagem econômica está na redução do volume de água nos pulverizadores, que pode variar de 700 litros/ha a 1.000 litros/ha, também dependendo da variedade utilizada. "Se considerarmos que os algodoeiros transgênicos em poucos anos podem atingir 80% da área cultivada no Brasil, a economia de água chegaria a 800.000 m³ por ano", comenta Alda.
Retorno ao algodão
Analisando os números da última safra de algodão, quando o Paraná respondeu por apenas 0,7% da produção brasileira, é difícil acreditar que o estado já foi o maior produtor do País. Das 3,9 milhões de toneladas de algodão em caroço produzidas no Brasil na safra 2006/2007, apenas 28 mil toneladas foram colhidas pelos paranaenses, segundo as estimativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Há cerca de 20 anos, o Paraná chegou a produzir um milhão de toneladas de algodão em uma única safra.