O forte cheiro que lembra o BHC (inseticida cujo uso foi proibido) ou mofo na água distribuída pela Sanepar voltou a preocupar moradores de Curitiba. Muitos estão apelando para água mineral até mesmo para cozinhar e escovar os dentes, já que além do odor o produto tem apresentado gosto desagradável. Há ainda o receio de que a água possa causar algum dano à saúde.
Em nota oficial distribuída à imprensa, a estatal voltou a afirmar que a alteração na qualidade da água foi provocada pela "multiplicação exagerada de algas não-tóxicas" na Barragem do Iraí, represa que contribui para o abastecimento de 1 milhão de habitantes de Curitiba, Pinhais e Colombo. A empresa alega que "apesar do cheiro e sabor, a água é boa para o consumo".
Milton Munhoz Gleich, professor aposentado do Departamento de Química da Universidade Federal do Paraná, reclama que há mais de um mês a água que recebe em casa não tem condições de ser consumida. Disse que sempre enfrentou problemas com a qualidade da água da Sanepar, principalmente com relação à cor, muitas vezes, barrenta. Para minimizar o problema, instalou filtros com "polpa de celulose e carvão ativado", inclusive, na máquina de lavar, depois de ter perdido várias peças de roupas que ficaram manchadas.
Gleich afirmou não acreditar que a água não seja prejudicial à saúde e prometeu cobrar da Sanepar, na Justiça, os gastos que está tendo com água mineral. Para Gleich, a Sanepar não quer admitir "o erro de ter colocado em operação uma barragem que foi construída em cima de um mangue, local propício para proliferação de microorganismos."
A engenheira química Eloíze Motter Rodrigues, da Unidade de Produção da Sanepar, informou que a empresa está enviando semanalmente amostras da água para a Companhia de Saneamento de São Paulo (Sabesp) para análises da concentração de algas. Também está sendo colocada maior quantidade de carvão ativado nas estações de tratamento e serão colocados alevinos de peixes filtradores de algas (carpas "cabeça-grande") na barragem.
A estatal também enviou amostras para Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que fará teste de toxicidade em camundongos cobaias. O resultado deve sair até o final da semana