Paraná

Agentes penitenciários enfrentam 7 quilômetros de medo

16 nov 2000 às 16:27

Os agentes penitenciários que voltaram ao trabalho na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara (Região Metropolitana de Curitiba), temem pela falta de segurança nos sete quilômetros de corredor da unidade prisional. Segundo a presidente do Sindicato dos Servidores Penitenciários do Paraná, Sandra Márcia Duarte, nada foi feito para melhorar a segurança interna desde a última rebelião, ocorrida há um mês.

"Não houve qualquer alteração no sistema de segurança. Continuamos intranquilos e com um agravante: os presos agora estão revoltados por causa dos dias em que tiveram que ficar sob o comando da Polícia Militar", disse.


Ela destacou que os agentes penitenciários estão trabalhando com cautela. "O clima é de tensão", afirmou. Ela disse que suspeita que os presos ainda tenham duas armas em seu poder. A justificativa seria simples. Na rebelião, os amotinados disseram estar portando sete armas, mas entregaram apenas cinco para a Polícia Militar.


"Dizer que eles estavam blefando é uma ingenuidade. Eles estavam em 14 rebelados. Queriam a fuga e pediram sete armas para o Estado. É claro que todos queriam fugir armados. Eles realmente estavam com sete armas", argumentou Sandra, prevendo uma nova rebelião para os próximos dias.


Ela lembrou a preocupação dos servidores penitenciários com a visita dos familiares, prevista para o final de semana. "A visita não pode ser proibida. Mas não temos condições de bancar essa visita. A não ser que a Polícia Militar nos dê apoio", disse. Para Sandra Duarte, a imposição de que os agentes penitenciários voltem ao trabalho é uma forma de inviabilizar o serviço no Paraná. "Eles querem terceirizar o setor e, por esta razão, estão nos obrigando a voltar neste momento de crise, de desequilíbrio", denunciou.

Atualmente, a PCE conta com 1,5 mil presos e um contigente de 120 agentes penitenciários divididos em três escalas. "Se ocorrer algo agora, o Estado terá que ser responsabilizado por isso. Não podemos ficar numa situação de imposição em que o agente se sinta obrigado a voltar. A norma é volta e morre ou é demitido", argumentou.


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