A possibilidade de cancelamento do vestibular da Universidade Federal do Paraná (UFPR), cogitada devido à da greve dos professores, pode acarretar uma enxurrada de pedidos de indenizações milionários contra o governo federal. O alerta é da advogada Danielle Sfair, de Curitiba.
Ela fez uma projeção do que cada estudante que se sentir lesado pode requerer em juízo e chegou a uma indenização média de R$ 40 mil por candidato. Os vestibulandos, segundo a advogada, podem alegar lucro cessante, danos emergentes e morais. Levando-se em conta que cerca de 50 mil candidatos estão inscritos para o vestibular do ano que vem, o prejuízo aos cofres públicos federais poderia chegar a R$ 2 bilhões.
"São dez meses estudando em cursinho na expectativa de prestar o vestibular. O cancelamento deixaria os candidatos frustados. Também teriam de ser reembolsados por causa do dinheiro que investiram em cursinho e principalmente pelo atraso na carreira profissional, porque precisariam de esperar mais um ano para prestar o vestibular na instituição", calculou Danielle Sfair.
Para a advogada, indiretamente a União estaria ferindo direitos individuais dos cidadãos. No entendimento da advogada, sob o ponto de vista legal, o reitor da UFPR, Carlos Antunes, e os professores não podem ser punidos pela possível suspensão do concurso porque são subordinados ao governo federal. "Além disso, o direito de greve é constitucional, assim como o direito à educação. Os maiores prejudicados por esse impasse entre os docentes e governo são os estudantes" ressaltou.
É o exemplo do vestibulando Claus Brandão, de 17 anos, que vai prestar vestibular somente na Federal do Paraná. "Estou inseguro com esta situação. Se o concurso for supenso terei que fazer mais um ano de cursinho. Com certeza vou entrar com ação na Justiça para me devolverem o que investi durante todo este ano", afirmou.
Para a estudante Beatriz Medeiros, de 17 anos, o maior prejuízo será o prolongamento do estresse. "Não aguentaria ter que estudar mais um ano para o vestibular da Federal. Prefiro estudar em uma universidade particular, porque o valor da mensalidade do cursinho é quase o mesmo do curso de turismo. Não vou perder um ano da minha vida."