Natural de Foz do Iguaçu (Oeste), Ali Kamal Abdallah, 15, morreu durante um ataque israelense ao Líbano na segunda-feira (23) junto ao pai, que tem nacionalidade paraguaia. Além dos dois, a brasileira Mirna Raef Nasser, de 16 anos, vizinha de Abdallah, também está entre as vítimas dos bombardeios. Eles viviam na cidade de Kelya, na região do Vale do Beqaa, a 30 quilômetros de Beirute.
De acordo com a Fambras (Federação das Associações Muçulmanas do Brasil), já foram contabilizadas mais de 550 mortes no Líbano por conta da ofensiva israelense, incluindo crianças e mulheres.
Em nota divulgada na manhã desta quinta-feira (26), o MRE (Ministério das Relações Exteriores) lamentou as mortes e afirmou que está prestando assistência às famílias das vítimas. “O governo brasileiro tomou conhecimento, com profundo pesar, da morte, no Vale do Bekaa, Líbano, do adolescente brasileiro Ali Kamal Abdallah, de 15 anos de idade, natural de Foz do Iguaçu. O menor e seu pai, de nacionalidade paraguaia, foram atingidos por explosão como resultado dos intensos bombardeios aéreos israelenses na região, na segunda-feira. A Embaixada do Brasil em Beirute está prestando assistência aos familiares do menor. O pai do adolescente também faleceu como resultado da explosão”. A pasta ainda não havia se manifestado sobre a morte de Mirna Raef Nasser.
O Itamaraty também reiterou a condenação aos ataques israelenses contra civis no Líbano. “Ao solidarizar-se com a família, o governo brasileiro reitera sua condenação, nos mais fortes termos, aos contínuos ataques aéreos israelenses contra zonas civis densamente povoadas no Líbano e renova seu apelo às partes envolvidas para que cessem imediatamente as hostilidades”.
Em entrevista à FOLHA, Ali Zoghbi, vice-presidente da Fambras, afirma que a federação tem a premissa de nunca normalizar a morte de qualquer ser humano, de acordo com os ensinamentos do Alcorão. “Quem mata uma pessoa inocente é como se estivesse matando toda a humanidade. Quem salva uma pessoa inocente é como se estivesse salvando toda a humanidade”, explica, lamentando a morte de milhares de pessoas, tanto na Faixa de Gaza quanto agora no Líbano.
Com cerca de 2 milhões de muçulmanos vivendo em terras brasileiras, o Paraná concentra a segunda maior comunidade islâmica no país, atrás apenas de São Paulo. No Estado, a maior parte dos muçulmanos vive nas cidades de Foz do Iguaçu e Curitiba. Segundo ele, o entendimento da Fambras é de que os ataques se tratam de crimes de guerra, já que a população civil é que está sendo bombardeada. “A gente percebe um fracasso total das lideranças mundiais, que não conseguem coibir esse tipo de atrocidade”, cobra. Pelo menos 550 pessoas já morreram nos ataques, sendo 50 crianças e 94 mulheres.
Morador de São Paulo, Ali Zoghbi é brasileiro com ascendência libanesa e tem um irmão que vive com a família no Vale de Beqaa, região que concentra muitos brasileiros. Ele conta que o irmão relata uma sensação constante de terror e insegurança por conta dos ataques. Além disso, a população já começa a estocar alimentos e a ficar confinada em casa. “O Líbano parou. Não me parece que esses bombardeios, essa invasão, devem cessar. Os indicadores estão colocando que vai se prolongar, e se isso acontecer, vamos ter muitas mortes”, alerta.
Ele define os ataques como um “massacre da vida humana”, já que o Líbano, assim como a Faixa de Gaza, concentram diferentes povos que praticam diferentes crenças em harmonia e respeito. “Não importa se ele professa o judaísmo, o cristianismo ou o islamismo, nós temos que pensar nas vidas humanas”, complementa.
O vice-presidente lamenta também o fato de o acordo de cessar-fogo ter sido negado pelo governo israelense e afirma que a barbaridade dos ataques vão ficar marcados na memória de todos. (Com Agência Brasil e Folhapress)