O garoto de programa Cleverson Petreceli Schimidt, acusado de matar o escritor paranaense Wilson Bueno no ano de 2010, foi absolvido pelo Tribunal do Juri de Curitiba, em julgamento que terminou na madrugada desta terça-feira (1°). Os jurados acataram a alegação da defesa, de que o jovem, que confessou a autoria do crime, teria feito isso sob tortura.
Os jurados absolveram Schimidt por 4 votos a 3. O advogado de defesa Maurício Zampieri de Freitas alegou que a tortura teria ocorrido após a prisão e foi realizada pela equipe de policiais da Delegacia de Furtos e Roubos (DFR), na época comandada pelo delegado Silvan Pereira. A autoridade é a mesma em que outra equipe é acusada, junto com Pereira, de tortura contra quatro homens inicialmente suspeitos da morte de Tayná Adriane da Silva, assassinada em junho de 2013, na cidade de Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba.
A promotoria do Ministério Público (MP) do Paraná responsável pelo caso já recorreu da decisão no Tribunal de Justiça (TJ) do Paraná. O promotor Luiz Carlos Hallvass Filho contesta a alegação da defesa e diz que não há provas para envolver o suposto caso de tortura. "Ele confessou perante jornalistas que matou o escritor", diz o promotor, que usou este fato para embasar a denúncia apresentada inicialmente ao Tribunal do Juri.
Segundo o promotor, a quebra de sigilo telefônico de Bueno – o celular da vítima estava com o acusado – reforçou a acusação contra Schimidt, que disse estar em posse do celular, mas não estaria na casa da vítima no horário da morte. "Ele declarou que não estava com o Wilson, mas tinha o celular dele. Na quebra de sigilo, a bilhetagem telefônica indicou que o celular estava na residência do escritor, no momento em que o acusado disse que estava apenas com o celular", explica o promotor.
Ao TJ, Hallvass alegou que a única tese da defesa é a não autoria do crime, o que não derruba a confissão do acusado, nem as provas apresentadas. Depois do recurso, ainda há a necessidade de o juiz acatar ou não o caso. Se acatado, defesa e acusação ainda serão ouvidas. O promotor diz que, apesar da falta de provas da defesa, será um caminho difícil ter um novo julgamento. "Anular uma decisão do júri não é fácil, por causa da soberania do veredicto", diz.
Schimidt agora está em liberdade. Freitas, advogado de Schimidt, confirmou que, em depoimento no Juri, o acusado disse que teria sido vítima de tortura. Ele ainda informou que a perícia do Instituto de Criminalística apontou divergências entre a confissão do acusado e as provas técnicas apresentadas pelo Instituto.