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Olavo de Carvalho dispara que Bolsonaro o usou para se promover

22 dez 2021 às 10:42

O escritor e ideólogo Olavo de Carvalho, considerado espécie de "guru" do bolsonarismo, afirmou, nesta segunda-feira (20), que o presidente Jair Bolsonaro (PL) o usou como "poster boy" para "se promover e se eleger" e que considera que "a briga já está perdida". "Poster boy", em inglês, significa garoto-propaganda, na tradução livre.


A declaração foi feita pelo escritor durante live realizada no YouTube, ao lado de outros nomes conservadores como os ex-ministros Ricardo Salles e Abraham Weintraub.


"O Bolsonaro não é obedecido em praticamente nada, nada. Quem manda no Brasil é a turma do STF, da mídia, do show business. Acabou. E o pessoal das Forças Armadas? Assiste a tudo isso. Só acredita em neutralidade ideológica. Ou seja, no Brasil só existem duas possibilidades: ou você é comunista ou você é neutro. Não existe direita. Existe bolsonarismo", iniciou Carvalho, em seu discurso, no canal "Conversa Talk".


"O Brasil vai se dar muito mal, gente. Não venham com esperanças tolas, porque é o seguinte: a briga já está perdida. Existem chances de fazer voltar... Existe uma chance remota, mas só se o Bolsonaro acordar, mas eu não sei como fazê-lo acordar. Dizem que eu sou o 'guru do Bolsonaro'. Isso é absolutamente falso. Conversei com ele somente quatro vezes na minha vida. E duvido que ele tenha lido um só livro inteiro. Se ele tivesse lido com atenção, teve muita coisa que ele fez e não faria", disse.


"Então, a minha influência sobre o Bolsonaro é zero. Ele me usou como 'poster boy'. Me usou para se promover, para se eleger. E, depois disso, não só esqueceu tudo o que dizia, como até os meus amigos que estavam no governo ele tirou", acrescentou.


Aos 74 anos, Olavo de Carvalho vive já há algum tempo nos Estados Unidos, de onde ministra cursos que são transmitidos por vídeos na internet.


O escritor foi o responsável por indicações no governo Bolsonaro, como a de Ernesto Araújo como chanceler -ele deixou o governo em março de 2021- e a do ex-ministro da Educação Ricardo Vélez Rodrigues, demitido pelo presidente em abril de 2019 - na ocasião, Olavo afirmou que não lamentaria se Vélez deixasse o governo, pois ele teve um "comportamento traiçoeiro".

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