Ao término de um julgamento que se estendeu por nove meses, a ex-primeira-dama sul-africana Winnie Madikizela-Mandela foi condenada, nesta sexta-feira, a cinco anos de prisão, por crimes de fraude e roubo.
Na véspera, Winnie e seu secretário particular, Addy Moolman, haviam sido considerados culpados em 43 das 58 acusações de fraude e em todas as 25 de roubo pelas quais respondiam em virtude de um escândalo de empréstimos bancários que nunca foram honrados.
Dentre a pena total, o juiz Peet Johnson concedeu um ano de sursis a Winnie. A sentença contra Moolman ainda não foi proferida.
Logo após tomar conhecimento de sua sentença, Winne, de 64 anos, divulgou um comunicado informando sua renúncia aos postos ocupados no Congresso Nacional Africano, partido ao qual, entretanto, permanecerá filiada.
"Esta é uma decisão pessoal, de caráter imediato", acrescentou.
O promotor Jan Ferreira explicou que a suspensão de um ano da sentença de prisão levou em consideração a idade da ex-esposa de Nelson Mandela e também seu envolvimento comunitário.
Ferreira, por outro lado, destacou que Winnie não demonstrou remorso, em momento algum. "Isso deve acabar com sua carreira política, mas ela é a única culpada por isso", acrescentou.
O advogado de defesa, Ismael Semenya, alegou que Winnie poderia apenas ter tentado ajudar seu secretário, que devia grandes somas de dinheiro.
O Congresso dos Alunos Sul-africanos ameaçou inviabilizar operações do governo sul-africano, em protesto contra a condenação da ex-primeira-dama à prisão.
Winnie Mandela tornou-se uma heroína mundial da luta contra a segregação racial ao resistir ao regime sul-africano enquanto o marido, Nelson Mandela, passava 27 anos na prisão.
A própria Winnie foi perseguida pelo regime do apartheid, tendo sido presa duas vezes, inclusive sendo mandada à solitária.
Winnie e Nelson Mandela divorciaram-se em 1996, seis anos após o marido deixar a prisão e quando o líder negro ainda era presidente da África do Sul.