A comitiva de senadores brasileiros, que foi à Venezuela para avaliar denúncias de perseguição a políticos de oposição, foi agredida por manifestantes ao sair do aeroporto de Caracas, capital do país. Segundo relato dos senadores, a van em que estavam foi apedrejada e eles tiveram que retornar ao aeroporto, porque não havia segurança para prosseguirem com a visita.
"Não conseguimos sair do aeroporto. Sitiaram o nosso ônibus, bateram, tentaram quebrá-lo", declarou o senador Ronaldo Caiado (DEM-GO) em sua conta no Twitter. Ele e o senador Aécio Neves conversaram com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Renan falou com o chanceler Mauro Vieira para que tome providências no sentido de garantir a integridade dos senadores brasileiros.
O presidente do Senado disse que vai cobrar uma "reação altiva" do governo brasileiro e ligará pessoalmente para a presidenta Dilma Rousseff para isso. "O presidente do Congresso Nacional repudia e abomina os acontecimentos narrados e vai cobrar uma reação altiva do governo brasileiro quanto aos gestos de intolerância narrados. As democracias verdadeiras não admitem conviver com manifestações incivilizadas e medievais. Eles precisam ser combatidos energicamente para que não se reproduzam", afirmou em nota lida no plenário.
Renan disse que "qualquer agressão à nossa delegação é uma agressão ao Legislativo". Segundo ele, o ministro de Relações Exteriores brasileiro, Mauro Vieira, lhe disse, por telefone, que há informações de que estava havendo a transferência de um preso político, onde decorreu a manifestação. "Mas nada disso importa muito. O que importa é o clima de agressão, de intimidação, de ofensa, e eu vou cobrar do governo brasileiro que tenha uma reação altiva. A democracia hoje não tem mais como conviver com essas coisas", comentou Renan.
Imediatamente após a denúncia das agressões, senadores se manifestaram no plenário em solidariedade aos colegas e cobraram a posição brasileira do governo brasileiro sobre o caso. "Eu acredito que mesmo os defensores nessa casa do regime venezuelano se sentem constrangidos", disse a senadora Ana Amélia (PP-RS).
O senador Roberto Requião (PMDB-PR) classificou de "absurdo" o episódio, mas lembrou que a presidenta Dilma Rousseff tem sido alvo de manifestações de hostilidade por setores da sociedade brasileira que pedem, inclusive, a volta do regime militar. "Eles estão vivendo na Venezuela, o que a nossa presidente da República vive aqui no Brasil", disse. "É simplesmente terrível o que aconteceu lá, como tem sido horrível o que tem acontecido aqui, com uma incompreensível alegria de setores da oposição. É um absurdo o que aconteceu lá, mas que sirva de exemplo para aqueles que elogiam aqueles que incentivam barbaridades semelhantes aqui no Brasil", disse.
Para o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), o que houve foi um "atentado à democracia". Ele reclamou da atuação do embaixador brasileiro na Venezuela, que não teria dado o devido apoio aos parlamentares. "Ao que se sabe, o próprio embaixador que recebeu os parlamentares no aeroporto, em seguida, se retirou, se afastou; não se encontra ao lado dos senadores neste momento. Portanto, a intervenção do nosso governo, do governo do Brasil, é fundamental nesta hora", disse.
A comitiva de senadores brasileiros na Venezuela é composta por Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Ronaldo Caiado (DEM-GO), Aécio Neves (PSDB-MG), José Medeiros (PPS-MT), José Agripino Maia (DEM-RN), Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), Sérgio Petecão (PSD-AC) e Ricardo Ferraço (PMDB-ES).