O dia 30 de outubro, o último na vida do engenheiro Manfred Albert von Richthofen, de 49 anos, e de sua mulher, Marísia, de 50, foi de trabalho. ''Nós vamos fazer o Rodoanel'', ele falou, sorrindo, para um colega de trabalho da Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa), onde era diretor de engenharia. Estava contente com perspectivas de previsão de sair a ordem de serviço para a elaboração do projeto do trecho sul do Rodoanel Mário Covas.
Manfred se programou para examinar no dia seguinte, 31, uma projeção técnica da obra. ''Tudo bem, amanhã a gente vê isso aí'', disse a um funcionário, o último a vê-lo sair, que lhe lembrou o compromisso. O engenheiro pegou o paletó, a pasta modelo executivo, trancou a porta e foi até o elevador. ''Foi a despedida dele aqui'', recorda com tristeza o funcionário.
Manfred não analisaria a projeção técnica da obra porque, no fim daquele dia, foi assassinado, enquanto dormia, pela própria filha, Suzane Louise, de 19 anos, o namorado dela, Daniel Cravinhos de Paula e Silva, de 21, e o irmão dele, Christian, de 26. A outra vítima foi Marísia. Estava consumada uma tragédia que chocou o Brasil.
Silêncio - Em meio à turbulência da repercussão do caso, há dificuldades para se saber o que os principais personagens da história fizeram no último dia antes do crime. A maioria das pessoas ligadas a eles, por iniciativa própria ou orientadas por advogados, optou pelo silêncio. Mesmo assim, com base no testemunho de poucas pessoas, foi possível saber que, enquanto para os pais o último dia foi de trabalho, a filha foi para a universidade.
O que se sabe de Marísia naquele dia é pouco: apenas que ela trabalhou no consultório da Rua República do Iraque, nº 808, das 7 às 13 horas. Uma funcionária do consultório se negou a dizer como ela estava. Vizinhos da casa da Rua Zacarias de Góis dizem não tê-la visto. ''Eles eram muito discretos'', descrevem.