O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assina nesta sexta-feira dois decretos voltados para combater abusos no setor comercial. Se na campanha ele prometia renegociar uma série de importantes acordos e apontar a China como um manipulador cambial logo no primeiro dia na Casa Branca, agora o republicano adota uma abordagem mais cautelosa.
O presidente pretende com os decretos combater abusos no setor, disseram graduados funcionários do governo. O primeiro deles pede uma revisão em grande escala para identificar "toda forma de abuso comercial e cada prática não recíproca que agora contribui para o déficit comercial dos EUA", segundo o secretário de Comércio, Wilbur Ross.
A equipe de governo terá 90 dias para produzir um relatório que enfocará país por país, produto por produto, o que servirá de base para futuras decisões do governo relacionadas ao comércio, disse Ross a repórteres na noite de quinta-feira. Segundo o secretário, isso mostrará a intenção dos EUA de não fazer nada de maneira abrupta, mas adotar uma abordagem "equilibrada e analítica, tanto para analisar o problema como para desenvolver soluções para isso".
Trump argumenta há tempos que os déficits comerciais ameaçam os trabalhadores dos EUA, mas Ross notou que não necessariamente eles são ruins. Em alguns casos, por exemplo, os EUA simplesmente não podem produzir o suficiente de um produto para atender à demanda doméstica. Em outros, países podem gerar produtos muito mais baratos ou melhores. O déficit comercial pode também significar que países estrangeiros investem em ativos americanos.
Ross argumentou, de qualquer modo, que os EUA têm as tarifas mais baixas que qualquer nação desenvolvida. O relatório, segundo ele, examinará se os déficits são impulsionados por questões como tarifas, obrigações específicas de comércio, regulamentações frouxas ou por regras da Organização Mundial de Comércio (OMC). O secretário disse que não haverá um foco na manipulação cambial, que está sob a alçada do Departamento do Tesouro.
O segundo decreto terá como foco a possibilidade de imposição de medidas antidumping contra países que subsidiem produtos para vendê-los abaixo do custo.
Os decretos são firmados uma semana antes de uma reunião entre Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, na Flórida. O presidente americano escreveu na noite de quinta-feira que o encontro será "muito difícil" e que não se pode ter mais "grande déficit comercial e perda de empregos". O déficit dos EUA com a China foi de US$ 347 bilhões no ano passado. O governo americano insistiu, porém, que os decretos não têm nada a ver com a visita nem pretendem enviar uma mensagem à China. Fonte: Associated Press.