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Alerta

Temperatura diária global fica 2°C acima da era pré-industrial pela primeira vez

Jéssica Maes - Folhapress
21 nov 2023 às 12:34

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- Geraldo Bubniak/AEN
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Pela primeira vez, a variação da temperatura média global ficou acima de 2°C na comparação com os níveis registrados antes da Revolução Industrial (1850-1900), considerada o marco a partir do qual as emissões de carbono pelas atividades humanas começam a escalar.


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A marca foi ultrapassada na última sexta-feira (17), quando a variação de temperatura (ou anomalia de temperatura, no jargão científico) ficou 2,07°C acima da média pré-industrial. Os dados são do observatório europeu Copernicus e foram divulgados nesta segunda-feira (20).

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Números preliminares mostram que a temperatura se manteve alta no sábado (18), quando ficou 2,06°C acima da média do período.

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Para definir o número, os cientistas primeiro calculam qual a média de temperatura no período pré-industrial (1850-1900). Em seguida, verificam quanto a temperatura atual variou em relação a essa média.


Assim, o índice registrado na sexta-feira significa que, naquele dia, a média da temperatura no planeta ficou 2,07°C acima dos índices pré-industriais.

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O índice recordista foi registrado no mesmo dia em que termômetros ao redor do Brasil superaram os 40°C --como no Rio de Janeiro (RJ), onde uma fã morreu durante o show da cantora Taylor Swift, organizado pela produtora T4F, após a sensação térmica no local ter batido 60°C.


A variação da temperatura diária mundial ter superado os 2°C acima da era pré-industrial é algo simbólico por causa do Acordo de Paris.

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O tratado tem como objetivo manter o aumento da temperatura média global "bem abaixo dos 2°C acima dos níveis pré-industriais e buscar esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C". A medida é necessária para reduzir significativamente os riscos e impactos das mudanças climáticas.


No entanto, é importante esclarecer que os registros feitos pelo Copernicus não significam que o trato já foi quebrado. Para que seja considerado que o mundo está 2°C mais quente, é preciso que índices como este sejam registrados de modo frequente.

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Mas o recorde serve de alerta para o quão próximo o planeta está de atingir os limites acordados internacionalmente: quanto mais perto de ultrapassar a marca definida pelo Acordo de Paris, mais recorrentes devem ser os dias, meses e anos com anomalias de temperatura que ultrapassam os limites de 1,5°C e 2°C em relação aos níveis pré-industriais.


Cientistas do Copernicus ressaltam também que o recorde estabelecido na sexta representa o que é até hoje a maior variação na anomalia da temperatura (ou seja, o maior afastamento da média estimada para o período pré-industrial), e não a temperatura absoluta global mais elevada.

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As marcas de dia e mês mais quentes já registrados ainda pertencem a julho deste ano, devido ao calor extremo registrado durante o verão do Hemisfério Norte.


"Os recordes de temperatura global estão sendo quebrados com uma regularidade alarmante", afirma Carlo Buontempo, diretor do Serviço de Mudanças Climáticas do Copernicus.

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"Ainda que a quebra dos limites de 1,5°C e 2°C fosse esperada --devido ao aquecimento generalizado e à variabilidade climática-- ela tem um impacto chocante. Com a COP28 a apenas dez dias de distância, é crucial entender o que esses números significam para o nosso futuro coletivo", diz o pesquisador.


As emissões de gases de efeito estufa seguem batendo recordes, devido principalmente à queima de combustíveis fósseis e ao desmatamento.


Um estudo recente aponta que países devem produzir 110% mais petróleo, gás e carvão no final da década do que seria necessário para limitar o aquecimento global a 1,5°C e 69% mais do que seria consistente com um planeta 2°C mais quente.


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