O secretário-geral do Conselho Supremo de Antiguidades egípcio, Mustafá el-Waziri, confirmou nesta quarta-feira (24) pistas sobre a identidade de uma "múmia tatuada", descoberta há quatro anos na cidade de Luxor. Os restos mortais, segundo pesquisadores, são de uma feiticeira que viveu entre 1300 e 1070 a.C. e morreu quando tinha entre 25 e 34 anos.
Decorado com 30 tatuagens, o corpo embalsamado foi descoberto por pesquisadores do Instituto Francês de Arqueologia Oriental, no sítio histórico de Deir El-Medina, no sul egípcio. A ausência de mãos, pernas, cabeça e pélvis no corpo dificultou o trabalho de identificação.
Os desenhos nas costas, colo, ombros e braços retratam flores de lótus, um babuíno sentado, símbolos mágicos de cura e proteção contra doenças e vários olhos de Horus, símbolos de proteção contra o mal. Os achados fizeram com que os pesquisadores acreditassem que o corpo fosse de uma sacerdotisa ou de algum tipo de feiticeira. A idade da mulher no momento de sua morte foi calculada com base no crescimento da densidade óssea dos restos mortais.
Segundo os especialistas, a múmia representa o primeiro exemplo de realização de tatuagens com motivos religiosos no antigo Egito."De qualquer ângulo que se olhe essa mulher, você vê um par de olhos divinos que te olham", diz Anne Austin, bioarqueóloga e coordenadora da pesquisa, realizada pela universidade norte-americana de Stanford.
Até a descoberta desta semana, acreditava-se que as mulheres no Egito Antigo não pudessem exercer funções religiosas na sociedade da época. Após grande debate provocado pelo estudo, o Supremo Conselho de Antiguidades acabou reconhecendo que a múmia de Luxor realmente pertenceu a uma figura que teve papel de importância religiosa na história do Egito Antigo.