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Ruralistas desfazem barreira e MST retoma marcha

21 jul 2003 às 21:40

Após a desmobilização dos ruralistas que realizavam um bloqueio em São Sepé, na madrugada de ontem, os 800 sem-terra que marcham na região central do Rio Grande do Sul em apoio à desapropriação de 13,2 mil hectares no município de São Gabriel (sul do Estado) caminharam 8 km, até a localidade de Vila Block, onde acamparam à tarde.

A continuidade da marcha ocorreu a partir de assembléia realizada em São Sepé e em razão do arrefecimento da forte chuva que atingiu o Estado.


Durante a retomada da marcha, os sem-terra responderam a uma espécie de chamada realizada pela Brigada Militar (a PM gaúcha). Todos os participantes da mobilização deram seus nomes, sem apresentar documentos.


"Estamos satisfeitos com os rumos dos acontecimentos. A Brigada e a Polícia Civil nos acompanhando são uma garantia para nossa segurança, é o que vínhamos pedindo ao governo", disse Justino Vieira, coordenador do MST.


O acompanhamento da polícia (para evitar invasões) e o cadastramento dos sem-terra foram exigências dos ruralistas para sair da ponte da Várzea, em São Sepé, onde realizavam o bloqueio à passagem do grupo.
A Vila Block fica a 32 quilômetros de São Sepé. Os sem-terra passariam a noite de ontem em acampamento montado às margens da BR-392.


Até o início da noite de ontem, o MST não havia divulgado se continuaria a marcha hoje. Havia a possibilidade de o grupo ir para a propriedade de um fazendeiro simpatizante do MST.


A data para a chegada a São Gabriel ainda está indefinida. Na verdade, depende de uma série de circunstâncias paralelas, como a própria decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) a respeito da desapropriação dos 13,2 mil hectares reivindicados - a desapropriação foi determinada pelo governo federal, mas depois suspensa pelo STF em razão de pedido feito pelo proprietário, Alfredo Southall.


Quando chegarem a São Gabriel, os sem-terra deverão acampar na fazenda do agropecuarista Viterbo da Rocha, que lhes ofereceu 80 hectares. O grupo está ainda a 140 km do centro de São Gabriel.

A marcha dos sem-terra, que se iniciou no dia 10 de junho, provocou vários momentos de tensão em São Gabriel e a mobilização dos ruralistas, que promoveram uma "contramarcha" como forma de resistência.


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